Indústria polui igarapé e águas subterrâneas em Manaus
2006-02-22
Pelo menos 153 das mais de 600 indústrias instaladas no Pólo Industrial de Manaus (PIM) são responsáveis pela contaminação por metais pesados da bacia do Educandos, da qual fazem parte os igarapés do 40 e do Educandos. Além dos mais de 48 quilômetros de cursos d´água, o problema já atingiu também a água do subsolo de boa parte do Distrito Industrial.
O sinal de alerta está sendo dado pela coordenação do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), que entra agora na fase de execução das ações de revitalização e de limpeza das águas da bacia do 40, primeira a receber as obras do programa sócio-ambiental.
Um diagnóstico iniciado durante a fase de preparação do Prosamim identificou as principais indústrias poluentes, constatando a presença de componentes químicos como chumbo, sulfetos, cromo e amônia na bacia dos Educandos como um todo e no lençol subterrâneo. A contaminação foi atestada em diversas análises laboratoriais feitas em amostras da água coletada de diversos pontos da bacia e do subsolo. De acordo com a subcoordenadora setorial de projetos ambientais do programa, Adélia Aguiar, as substâncias são provenientes do acúmulo de anos de descarte realizado sem o devido tratamento.
Segundo o coordenador executivo do Prosamim, o engenheiro sanitarista Tabajara Ferreira, após a constatação da contaminação da bacia, o programa cadastrou as indústrias e instituiu o Plano de Controle de Contaminação Industrial (PCCI). Por meio dele, o Prosamim passará a realizar o monitoramento do descarte de efluentes do distrito nos igarapés do 40 e Educandos. "Entramos em contato com as empresas e vamos dar um prazo para que elas construam as suas estações de tratamento", explica o engenheiro Tabajara.
O PCCI fechou parceria com a Suframa e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) para dotar o órgão da infra-estrutura necessária para o trabalho de fiscalização. "As empresas que não se adequarem podem até ser punidas com a cassação da licença ambiental", alerta Tabajara.
(A Crítica, 21/02/06)