Acre tem 700 hectares de terras degradadas
2006-02-22
Um investimento de R$ 750 mil será usado num programa de recuperação de áreas degradadas. A idéia tem a coordenação do Sebrae, do Senar e da Embrapa Acre, e pretende beneficiar 200 produtores nos próximos três anos em vários municípios acreanos.
Além da modernização do sistema pecuário em pequenas propriedades, em especial as vinculadas à produção de leite, a iniciativa busca gerar coeficientes técnicos sobre um conjunto de tecnologias para pequenos produtores. São dados que os agentes de fomento ainda não possuem e que por isso dificultam a abertura de linhas de crédito e a formatação de políticas públicas.
De acordo com Idalci Dallamaria, superintendente do Senar Acre, vários fatores contribuíram para a idealização desse projeto cujos recursos são oriundos do Sebrae. A primeira delas é a tendência crescente de restrição à abertura de novas áreas.
"O Acre tem mais de 700 mil hectares de áreas degradadas ou em processo de degradação. O uso racional da terra reduz a pressão sobre a floresta e a incorporação de tecnologias aumenta a produtividade e fortalece o pequeno produtor", explica.
Até meados de março, oito comunidades nos municípios de Porto Acre, Senador Guiomard, Plácido de Castro e Acrelândia serão selecionadas para dar início ao programa. Outras oito serão escolhidas em 2007 abrangendo municípios no Vale do Acre.
A seleção contará com apoio das secretarias municipais de agricultura e meio ambiente, Senar, Embrapa, Patha Mama Amazônia, Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária e Secretaria de Assistência Técnica e Extensão Agroflorestal.
Tecnologias já são conhecidas
As tecnologias a serem implementadas já foram validadas pela Embrapa e parceiros em diversos locais como o uso de leguminosas para recuperação do solo, pastejo rotacionado com cerca elétrica, consórcio de capins e forrageiras adequados à região, suplementação com cana e uréia, controle de pragas e doenças, arborização de pastagens e cuidados na sanidade animal.
"A estratégia é atingir os jovens maiores de 16 anos por serem mais sensíveis a mudanças de hábitos. Sem tecnologia, o produtor paga para produzir", enfatiza o pesquisador Judson Valentim, da Embrapa Acre.
Em cada comunidade, uma propriedade se tornará centro de referência onde acontecerão os serviços em mutirão, cursos, dias de campo e visitas técnicas. A partir dela, o modelo tende a difundir-se para outras propriedades em função do produtor ver resultado prático em condições semelhantes às suas.
A expectativa dos coordenadores é de que haja adensamento do volume de animais por hectare, quadruplicação da produtividade de leite, aumento da renda e redução no volume de queimadas e desmatamentos até 2008.
Essas metas convergem para as propostas elencadas no Seminário de Queimadas, ocorrido há poucos dias em Rio Branco, que discutiu ações para conter o uso do fogo. Em 2005, as queimadas fugiram ao controle e causaram prejuízos de R$ 160 milhões em todo o Estado devido à queima de mais de 200 mil hectares de florestas e cerca de 300 mil hectares de pastagens e áreas abertas. Onze municípios tiveram que decretar situação de emergência.
(A Tribuna, 21/02/06)