Aquecimento global extermina espécies de rãs endêmicas no Equador
2006-02-21
O aquecimento global exterminou cerca de 30 espécies de rãs endêmicas no Equador, enquanto outras 140 correm o risco de desaparecer, segundo um estudo de cientistas americanos e equatorianos, divulgado nesta segunda-feira. Carlos Coloma, coordenador do Laboratório de Hepertologia da Universidade Católica, informou à AFP que o aumento da temperatura contribuiu para a proliferação de um fungo mortal que ataca a pele dos anfíbios. "O aquecimento global facilita o aparecimento de doenças, em particular a do fungo Batrachochytrium, que é letal para os anfíbios e que os está matando", disse o especialista.
Devido a isto, cerca de 30 espécies de rãs desapareceram e teme-se que outras 140 que vivem no Equador tenham a mesma sorte, segundo o estudo divulgado ao fim de oito anos de observações. "É muito provável que os predadores e presas dos anfíbios também estejam sofrendo, o que gerará um desequilíbrio nas complexas interações entre plantas e animais", comentou Coloma.
Das seis mil espécies de rãs existentes, 700 vivem no Brasil, 550 na Colômbia e 442 no Equador, o que faz do país andino um dos de maior diversidade de anfíbios no mundo. "No Equador estão identificadas 443 espécies das seis mil existentes no mundo. Se levada em conta sua superfície (250.000 quilômetros quadrados), o país é o mais diverso em anfíbios com 8% de gêneros reconhecidos", acrescentou.
Coloma avaliou também que o Equador suporta com especial rigor o efeito estufa associado com a elevação da temperatura global. "Em cem anos a temperatura no Equador aumentou dois graus centígrados acima da média mundial de aquecimento, que é de 0,5 grau", informou o coordenador acadêmico. Segundo Coloma, a situação forçou os cientistas a adotarem medidas de choque para proteger a espécie anfíbia em risco de extinção como a reprodução em laboratório. "Temos que criar no laboratório populações das espécies ameaçadas, com a finalidade de reintroduzi-las na natureza, quando existirem condições mais favoráveis", destacou.
(AFP/ 20/02/06)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/02/20/ult1806u3437.jhtm