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2006-02-21
A integração energética sul-americana, um dos pilares da união regional, começou a tomar forma com o crescente interesse de empresas internacionais na construção de um gasoduto que ligará a Venezuela ao Brasil e Argentina. O projeto de construção num traçado de 9.283 quilômetros de extensão para levar gás desde Puerto Ordaz (Venezuela) até Buenos Aires, após atravessar o Brasil de norte a sul, se transformou na iniciativa mais atrativa do anel energético proposto por vários países da região.

A faraônica obra, tanto por sua extensão como por seu custo, calculado em US$ 23,27 bilhões, segundo a Petrobras, é considerada prioritária pelo Brasil, cujo Governo é um dos promotores da integração física e energética sul-americana. "Do ponto de vista da infra-estrutura regional, é o projeto mais importante para a América do Sul em 10 anos", afirmou o ministro brasileiro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

Para o Brasil, o gasoduto do Sul, como o tem denominado o presidente venezuelano, Hugo Chávez, é uma alternativa para reduzir sua dependência do gás natural boliviano, do qual este ano importará cerca de 27 milhões de metros cúbicos diários por um gasoduto de 3.150 quilômetros de extensão.

Os custos do gás boliviano são cada vez maiores para o Brasil, não só pelo preço do produto, mas também pelas crescentes despesas da Petrobras com o país do planalto, que deverão passar de US$ 60 milhões em 2005 a US$ 700 milhões este ano pela entrada em vigor da nova lei de hidrocarbonetos boliviana.

O projeto do "gasoduto do sul", que teria como sócios a Petrobras, a venezuelana PDVSA e a argentina Enarsa, despertou o interesse de outras companhias do setor, como o consórcio estatal russo de gás Gazprom, que esta semana expressou seu interesse em participar dessa iniciativa dos três países sul-americanos.

A Gazprom, que administra a maior rede de gasodutos do mundo, assinalou em comunicado que o assunto foi abordado na visita recentemente feita a diretores da PDVSA na Venezuela pelo chefe do Departamento de Atividades Econômica no Exterior da companhia russa, Stanislav Tsigankov. A empresa russa destacou que "as partes analisaram as perspectivas de cooperação no setor do gás" e que se tratou, além disso, "do assunto da construção na América do Sul do gasoduto entre Venezuela, Brasil e Argentina". Na semana passada, Tsigankov e outros diretores da Gazprom visitaram também a Petrobras para discutir possibilidades de cooperação.

O gasoduto sul-americano, que teria capacidade para transportar 150 milhões de metros cúbicos/dia de gás, é, no entanto, uma obra complexa, não só pela magnitude de seu traçado, mas porque terá que atravessar parte da Amazônia brasileira. Alí, pode encontrar obstáculos não só pela dureza da floresta, mas pelas dificuldades legais para obter as licenças ambientais.
(EFE, 20/02/06)

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