Cuba defende programa nuclear do Irã e critica os EUA
2006-02-20
O governo cubano defendeu quinta-feira (16/02) o programa nuclear do Irã e rejeitou as tentativas do "imperialismo" de impedir a República Islâmica de enriquecer urânio. A declaração do regime comunista cubano foi feita durante visita do presidente do Parlamento iraniano, Gholamadi Haddadadel, a Havana. Em comum, Cuba e Irã têm inimizade com os Estados Unidos.
"Ninguém tem o direito de negar a qualquer nação a opção da energia nuclear para uso pacifico", disse o presidente da Assembléia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcón, ao saudar o visitante."O que o mundo deveria combater é o monopólio que alguns têm sobre as armas de destruição em massa, em especial as armas nucleares", disse Alarcón. "Isso vale especialmente para o único país na história que empregou essas armas contra uma população civil", disse ele, referindo-se aos bombardeios norte-americanos contra Hiroshima e Nagasaki ao final da Segunda Guerra Mundial.
O Irã diz que, contrariamente ao que acusam Estados Unidos e outras potências, seu programa nuclear é voltado exclusivamente para fins civis. Na terça-feira (14/02), Teerã confirmou a retomada das atividades de enriquecimentos de urânio, em retaliação à decisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de remeter o caso ao Conselho de Segurança da ONU. O primeiro compromisso de Haddadadel em Cuba foi uma visita ao Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia, em Havana, onde ouviu explicações sobre a avançada indústria farmacêutica local.
Em 2002, o governo Bush acusou Cuba de desenvolver armas biológicas e exportar tecnologia de uso misto (bélico e civil) para o Irã. Havana garante que sua indústria de biotecnologia, na qual investiu 1 bilhão de dólares, é dedicada à produção de medicamentos, como a única vacina mundial contra a meningite B. Cuba exporta tecnologia para o Irã desde 1994, e uma fábrica nos arredores de Teerã produz interferon e vacinas para hepatite B com patentes cubanas.
O dirigente iraniano chegou a Havana na noite de quarta-feira, vindo da Venezuela, que junto com Cuba e Síria foram os únicos países na direção da AIEA a votarem contra a emissão do caso ao Conselho de Segurança, que pode impor sanções a Teerã.
Nos últimos dez anos, a hostilidade norte-americana aproximou Cuba, um regime marxista, do Irã, uma república teocrática islâmica. Fidel Castro visitou Teerã em 2001, e Cuba convidou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a participar da cúpula do Movimento dos Não-Alinhados, em setembro, também em Havana. Alarcón disse a Haddadadel que seus países precisam se manter unidos contra a "agressão" norte-americana. "Estamos na linha de frente contra o imperialismo e devemos continuar ajudando-nos mutuamente".
(Reuters, 16/02/06)
Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2006/02/16/ult729u54383.jhtm