Corsan afirma que 80% dos municípios no Estado têm problemas com água e esgoto
2006-02-20
A falta de recursos e as falhas na definição das responsabilidades têm feito com que o saneamento básico esteja entre os setores mais caóticos do país. No Rio Grande do Sul não é diferente. Cerca de 80% dos municípios enfrentam problemas com água e esgoto, apontam os dados da Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs). Apenas 10% do esgoto é tratado e 50% das economias contam com rede coletora.
Como consequência das carências nessa área aparecem os problemas de saúde na população, elevando os gastos com o tratamento de doenças causadas pela falta de abastecimento de água adequado, de sistema de tratamento de esgoto e de coleta de lixo. Entre os problemas mais comuns estão a ocorrência de diarréia e parasitoses intestinais, especialmente nas crianças.
"A falta de saneamento está diretamente relacionada aos índices de mortalidade infantil", afirma o diretor executivo da Associação Gaúcha de Empresas de Obras de Saneamento (Ageos), engenheiro Raul da Veiga Lima. Um estudo contratado pela entidade e realizado em 1998 não foi aproveitado pelo governo estadual, segundo Lima. O engenheiro ressalta que ainda são muitas as insuficiências e desigualdades na distribuição dos serviços de saneamento básico.
O tratamento insuficiente de esgoto e a destinação inadequada dos resíduos sólidos prejudicam a eficácia das políticas de outros setores, como saúde e meio ambiente. O presidente da Corsan, Vitor Bertini, destaca que o maior problema do setor é a falta de recursos. Ele assinala que o país conta com todos os modelos necessários para enfrentar a situação, como companhias públicas, autarquias municipais e participação da iniciativa privada, mas nenhuma conseguiu atingir a universalização do serviço.
Bertini salienta que as verbas destinadas ao saneamento básico são insuficientes e provenientes, na maioria dos casos, de empréstimos, o que acaba limitando a retirada de recursos. "Fazer uma rede de esgoto custa quatro vezes mais caro do que tratar e distribuir água", comparou. Outra dificuldade é a falta de ligação das economias à rede coletora de esgoto. O presidente da Corsan diz que para conseguir a instalação do serviço, há exigência de que os municípios contem com legislação que obrigue a população a ligar-se com a rede.
(Carina Fernandes/CP, 19/02/06)