Falta de água é escândalo mundial: Oito Milhões de Mortos por Ano
2006-02-17
Um bilhão de pessoas não têm acesso à água potável. Dois bilhões e meio não têm qualquer forma de saneamento. Conseqüência: oito milhões de mortos por ano, sendo metade crianças. No entanto, o acesso à água para todos não é uma utopia. É um projeto técnica e financeiramente realizável. Uma tarefa gigantesca, mas não inalcançável.
Todavia, antes de ser um problema de recursos financeiros, o acesso à água é uma questão de solidariedade internacional e de coordenação no centro de uma cadeia complexa de participantes. No livro Água, os autores - quatro dos mais eminentes especialistas franceses em matéria de água e de finanças internacionais - travam o seu combate apaixonado e enumeram as proposições concretas para que a água não deixe de correr em nosso planeta.
"Onde encontrar os recursos para tal empreendimento?", perguntam os autores. "Antes de se conformarem, os governos e as organizações mais representativas da sociedade civil quiseram avaliar o quanto custaria manter esses compromissos. Decidiram reunir um Grupo de trabalho mundial sobre o financiamento das infra-estruturas da água. Foi assim que nós quatro nos encontramos. Profissionais da água ou homens de finanças, estávamos profundamente tocados por essa questão decisiva para o futuro da humanidade: a água."
Com Água, os autores pretendem contribuir para uma tomada de consciência urgente e transformar em realidade o sonho do acesso universal à água potável.
Sobre os autores
Michel Camdessus foi, entre 1987 e 2000, diretor do Tesouro, governador do Banco da França e diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI). Presidiu o Painel Mundial sobre o Financiamento das Infra-Estruturas da Água. Desde março de 2005, é conselheiro de Kofi Annan para este assunto. É o representante pessoal do presidente da República para a nova parceria com a África e o presidente das Semanas Sociais da França.
Bertrand Badré, inspetor de finanças, sócio-gerente do Banco Lazard, participou do Painel Mundial sobre o Financiamento das Infra-estruturas da Água presidido por Michel Camdessus. Em 2003, na Presidência da República, trabalha na preparação da Cúpula do G8 em Évian, concentrando-se nas questões ligadas ao desenvolvimento (água e parceria G8/África em particular).
Ivan Chéret serviu na África durante os anos 50, onde dirigiu estudos de regulamentação do rio Senegal, promoveu a realização de arrozais e campanhas de potes e de forragens profundas. Foi diretor de Eletricidade, do Gás e do Carvão, presidiu a SITA (sociedade privada de coleta e tratamento de dejetos) e foi diretor da água na Lyonnaise des Eaux. Hoje é membro do Comitê Técnico do Global Water Partnership.
Pierre-Frédéric Ténière-Buchot, engenheiro da Escola Central de Paris e doutor em economia, é consultor junto a empresas e instituições internacionais na área do desenvolvimento estratégico. É igualmente governador do Conselho Mundial da Água, membro fundador da Academia da Água, membro honorário do Círculo Francês da Água, vice-presidente do Programa de Solidariedade Água (PS-Eau) e secretário-geral do Movimento Universal para a Responsabilidade Científica (MURS).
(Envolverde/Livraria EcoTerra, 15/02/2006)