Menos de 7% das espécies animais brasileiras são conhecidas
2006-02-17
Mesmo os cientistas mais conservadores concordam que o mundo está assistindo, por causa do homem, a uma incrível crise de perda de biodiversidade. Paralelamente ao processo de destruição ambiental, há outro problema: o Brasil conhece apenas 6,67% de todas as suas espécies animais.
Por causa dessa falta de conhecimento, a 8ª Conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica das Partes, que será realizada a partir de 20 de março, em Curitiba, será de fundamental importância.
Existem hoje, em todo o território nacional, apenas 542 pesquisadores que se autodenominam sistematas dentro da zoologia. São essas pessoas que têm o papel de estudar os grupos animais e definir em qual parte da árvore evolutiva eles devem ser colocados. Ou seja, os recursos humanos são absolutamente ínfimos diante da quantidade de grupos ainda desconhecidos.
“Nessa área da taxonomia há inequivocamente uma grande deficiência, que é a falta de profissionais. Há grupos biológicos inteiros que não contam sequer com uma pessoa que possa trabalhar com eles”, disse Antônio Carlos Marques, pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).
Marques, ao lado de Carlos Lamas, do Museu de Zoologia da USP, é autor do trabalho ainda inédito – o texto deverá ser divulgado na reunião em Curitiba pelo Ministério do Meio Ambiente – Sistemática zoológica no Brasil: Estado da arte, expectativa e sugestões de ações futuras. “Apesar da falta de pesquisadores, podemos dizer que os poucos grupos que têm bases de dados um pouco maiores estão sendo preservados e conservados de alguma forma”, aponta Marques.
Um dos grupos no conjunto dos quase desconhecidos é o dos nematóides (vermes) marinhos, explica o pesquisador. Estima-se que, apenas no Brasil, existam 1,5 milhão de espécies desse grupo. “Esse desconhecimento é o mesmo para praticamente todos os outros táxons [grupo] animais”, afirma o cientista.
(Por Eduardo Geraque, Agência FAPESP)