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2006-02-17
Kyoto é, de fato, apenas o primeiro passo na guerra contra o aquecimento global. Mas é um passo importantíssimo, segundo Halldor Thorgeirsson, um dos principais conselheiros para assuntos de Ciência e Tecnologia na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. "O protocolo estabelece uma série de ferramentas e mecanismos necessários para que possamos lidar com o problema a longo prazo. A principal delas é colocar um preço para a indústria sobre a emissão de carbono para a atmosfera, o que favorece o desenvolvimento de novas tecnologias com menos emissões", disse Thorgeirsson ao Estado, em entrevista por telefone do Secretariado de Mudanças Climáticas da ONU em Bonn, na Alemanha.

O Brasil, apesar de não ter obrigação de reduzir suas emissões, tem tido uma participação importante nesse cenário tecnológico, segundo ele. Em especial, com o desenvolvimento do uso de combustíveis renováveis como álcool e biodiesel. "Um dos setores de maior influência sobre as mudanças climáticas é o de transporte, por isso há um interesse cada vez maior sobre o uso de biocombustíveis", disse. "A liderança do Brasil nessa área está se tornando cada vez mais importante. Por isso, quando falamos de desenvolvimento e transferência de tecnologia, não significa apenas no sentido Norte-Sul, mas pode ser também Sul-Norte ou Sul-Sul."

Na última conferência da ONU, em Montreal, o Brasil apresentou uma proposta de conservação das florestas como forma de combater o aquecimento global - já que 75% das nossas emissões são provenientes do desmatamento. Como isso foi recebido? A iniciativa de proteger a floresta em pé foi muito bem recebida. A maneira exata como isso vai ocorrer ainda é difícil de dizer neste momento. É algo que não está sendo considerado para o primeiro período de compromisso do protocolo (que termina em 2012), mas que já será inserido nos diálogos futuros sobre o segundo período de compromisso. Para se ter uma idéia de escala, as emissões provenientes de desmatamento ao redor do mundo são equivalentes ao total de emissões de gás carbônico dos Estados Unidos. Portanto, é uma fonte significativa.

Como a ONU está encarando a Aliança Ásia-Pacífico, liderada pelos EUA, que aposta no desenvolvimento tecnológico como alternativa às metas de redução impostas pelo Protocolo de Kyoto? Achamos que as iniciativas são complementares. Para cumprir as metas de Kyoto e resolver o problema das mudanças climáticas a longo prazo vamos precisar tanto do uso das tecnologias atuais quanto do desenvolvimento de novas tecnologias inovadoras. Qualquer aliança entre governos sobre qualquer uma dessas opções, portanto, é complementar aos objetivos da convenção. Além disso, um dos objetivos da Aliança Ásia-Pacífico é envolver o setor privado, algo que é crucial para o combate às mudanças climáticas.

Mas o ideal não seria que todos os países trabalhassem nas duas frentes ao mesmo tempo: redução de emissões e novas tecnologias? O ponto crucial nisso é que as metas impostas por Kyoto criam um incentivo para o uso de tecnologias limpas. Porque não basta inventar a tecnologia se você não cria incentivos para que a indústria utilize, de fato, essa tecnologia. E isso você faz com metas de redução de emissões.

É inevitável que teremos de parar de usar combustíveis fósseis no futuro? Acho que teremos de mudar a maneira como queimamos os combustíveis fósseis. Não podemos queimar carvão e óleo e permitir que o gás carbônico chegue à atmosfera. Isso não é sustentável. Mas há tecnologias muito promissoras hoje que permitem que você capture e estoque o dióxido de carbono antes que ele chegue à atmosfera. Por isso acho que os combustíveis fósseis continuarão a ser usados no futuro, mas com base em novas tecnologias.

Quais são suas perspectivas para os próximos 50 anos, considerando o Protocolo de Kyoto, novas tecnologias e tudo mais que está surgindo por aí? A longo prazo, estou muito otimista. A ciência fez aumentar não apenas a percepção do problema da mudança climática, mas das soluções para esse problema. A curto prazo, há decisões difíceis que precisam ser tomadas. É muito importante que algo seja feito imediatamente, e as lideranças políticas precisam aprender a pesar os ganhos a curto prazo contra os benefícios a longo prazo.
(O Estado de S. Paulo, 16/02/06)

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