Brasil e Alemanha estreitam laços em biocombustíveis
2006-02-17
O Brasil, maior produtor mundial de etanol, e a Alemanha, líder mundial na extração de biodiesel,
acertaram os primeiros detalhes da troca de tecnologias na produção de bicombustíveis. Para o Brasil,
abre-se uma oportunidade de exportar tanto o álcool de cana quanto o biodiesel de soja. Para a Alemanha,
é a chance de vender sua tecnologia de extração do biodiesel.
A decisão foi tomada quarta-feira (15), na cidade germânica de Nuremberg, durante reunião da Comissão de
Agribusiness Brasil-Alemanha, iniciativa público-privada que é o braço agrícola da Comissão Bilateral
Brasil-Alemanha de Cooperação Econômica. A comissão bilateral é a instância máxima que orienta o
comércio entre os dois países.
"A União Européia precisa decidir até o próximo ano qual será sua política de biocombustíveis, ou seja, se
irá adotar carros flex-fuel ou se fixará uma mistura obrigatória de combustíveis não-fósseis à gasolina e ao
diesel", diz Ingo Plöger, coordenador da Comissão de Agribusiness Brasil-Alemanha.
Quanto ao etanol, o país europeu solicitou mais informações sobre como funciona a tecnologia dos carros
bicombustíveis, a relação entre preço do álcool e o custo e pesquisas de aceitação do consumidor. A
Alemanha também quer conhecer melhor a utilização do etanol para outros fins, como para a indústria
química ou como aminoácido.
Hoje o etanol produzido na Alemanha é de trigo e não é usado como combustível. "O etanol de trigo custa
de duas a três vezes mais que o nosso de cana. Eles não são competitivos e não têm escala para atender
à demanda interna, caso a mistura de álcool à gasolina se torne obrigatória", diz Plöger.
A Alemanha consome perto de 60 bilhões de litros de combustíveis, dos quais 27 bilhões de gasolina e 33
bilhões de diesel. No país europeu, circulam automóveis movidos tanto a gasolina quanto a diesel.
Caso o etanol seja adicionado à gasolina na proporção de 10%, isso criará uma demanda por 2,7 bilhões
de litros de álcool ao ano na Alemanha, sem exigir uma adaptação especial dos carros.
Plöger diz que uma das principais preocupações dos europeus é a substituição de um monopólio (o do
petróleo) por outro (o do álcool de cana).
Biodiesel – Em biodiesel, a Alemanha teria interesse em fornecer a tecnologia de extração do combustível. Hoje o país
é o maior produtor mundial de biodiesel, com 2 bilhões de litros por ano.
Não existe obrigatoriedade de mistura ao diesel, mas o biocombustível é vendido nos postos até mesmo
puro, o que exige uma adaptação especial dos veículos de passeio.
Uma mistura obrigatória de 10% criaria uma demanda extraordinária de 3,3 bilhões de litros. Mais uma vez,
o Brasil poderia entrar como fornecedor do combustível.
(GM, 16/02/06)