Eurocâmara pede ao Irã que aceite proposta russa em crise nuclear
2006-02-16
O Parlamento Europeu (PE) pediu na quarta-feira ao Governo iraniano que "estude seriamente" a oferta de Moscou de realizar suas atividades de enriquecimento de urânio em território russo, como fórmula para resolver seu conflito com a comunidade internacional. Em uma resolução aprovada por maioria, a Eurocâmara lembrou que esta oferta é "compartilhada" pelos países europeus que tentaram resolver a disputa de forma negociada, França, Alemanha e Reino Unido, e oferece a Teerã "a possibilidade de avançar em seu programa nuclear de um modo multilateral".
No debate prévio no plenário, o comissário europeu de Segurança, Liberdade e Justiça, Franco Frattini, afirmou que "se o Irã voltar a suspender suas atividades de enriquecimento e aceitar a proposta russa, a fase do Conselho de Segurança (das Nações Unidas) pode não ser necessária". A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) decidiu enviar a disputa sobre o programa nuclear do Irã ao Conselho de Segurança da ONU, órgão com poder de impor sanções, mas poderia suspender este processo se Teerã cumprir com suas exigências antes que o diretor do organismo, Mohammed el Baradei, apresente um relatório técnico sobre o caso no dia 6 de março. Em sua resolução, o Parlamento sustenta que "este assunto deve ser resolvido conforme o Direito internacional", e pede a "todas as partes interessadas que façam o possível para encontrar uma solução negociada" antes dessa data.
No entanto, o plenário rejeitou por estreita margem - 265 votos a favor, 340 contra e 23 abstenções - uma emenda do grupo Os Verdes que assinalava que "não pode haver uma solução militar para este conflito" e pedia "a todos as partes que se abstenham de proferir ameaças contra a integridade territorial do Irã e se distanciem de maneira inequívoca de todo ataque preventivo". Por outro lado, a resolução condena "as observações ameaçadoras do presidente (Mahmoud) Ahmadinejad contra Israel, que não permitem confiar nas intenções do Governo iraniano de adotar um papel pacífico e construtivo no Oriente Médio". Em mensagem implícita a Israel, a Eurocâmara também afirma que "o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio poderia constituir um passo importante a respeito das preocupações em matéria de segurança dos países da região".
(EFE, 15/02/06)
Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/02/15/ult1808u59219.jhtm