Cruz Vermelha alerta sobre seca no sul da Somália
2006-02-16
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou nesta quarta-feira que a seca que atinge o Chifre da África pode gerar uma situação de fome na Somália, por isso pediu à comunidade internacional que aja antes que a região seja assolada por uma nova crise humana. "A seca provoca no país o empobrecimento e a descapitalização de seus habitantes e se não houver uma resposta eficaz muitas pessoas morrerão de fome", assinalou o representante do CICV na Somália, Pascal Hundt, em entrevista coletiva.
As áreas mais afetadas são Gedo e parte de Bay, Bakol e Jubba (centro e sul do país), onde a organização calcula que nas próximas semanas entre 50% e 95% do gado morrerá por falta de comida, e com isso a população perderá seu principal meio de sobrevivência. Os efeitos da seca, considerada a pior da última década, também se agravam por causa da dificuldade em distribuir a ajuda humanitária devido às constantes lutas entre clãs e à falta de um serviço público de saúde eficiente no país, que desde 1991 não possui um Governo central, afirmou Hundt.
A assistência do organismo humanitário começou em dezembro de 2005 e se estenderá pelo menos até julho, data que coincidirá com a próxima colheita e em que se espera que a crise seja superada. No entanto, o representante do CICV no Chifre da África, Jacques de Maio, ressaltou que a normalização da situação dependerá "da quantidade, qualidade e localização das chuvas". Até agora, a organização calcula que no Quênia, Somália e Etiópia, os três países mais afetados pela seca, cerca de sete milhões de pessoas sofrem de falta d´água e de alimentos, um número que "pode aumentar quando forem feitas as primeiras análises no território", afirmou Hundt.
De Maio opinou que "a magnitude do problema significaria um grande desafio para o Governo de qualquer país", e ressaltou que a entrega da ajuda humanitária não é facil até mesmo no Quênia, que conta com uma capacidade de resposta "muito maior" que a da Etiópia ou da Somália. A gravidade da situação levou o CICV a pedir à comunidade internacional que colabore "de forma urgente" para implantar mecanismos que permitam que as povoações enfrentem as secas que afetam a região periodicamente. "A prevenção da fome é muito mais eficaz e menos custosa que o tratamento de suas conseqüências", afirmou de Maio.
(EFE, 15/02/06)
Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/02/15/ult1766u14696.jhtm