Deputado critica a criação de reservas e defende setor mineral
2006-02-16
Em visita à cidade de Itaituba no final da semana passada, o deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB) fez duras críticas à política ambiental praticada pelo governo federal na região e se disse contra a criação de novas Unidades de Conservação, as chamadas reservas florestais. “Não é que eu queira a devastação do meio ambiente, muito pelo contrário, nós temos que preservá-lo, mas preservar não é engessar”, disse o deputado. Para Asdrúbal, de que adianta a criação dessas “reservas absurdas”, se o próprio governo não vai ter condições de preservá-las depois.
Segundo deputado, as reservas que o governo pretende criar podem inviabilizar o setor mineral e assim engessar o principal potencial econômico, que é mineral. O deputado disse que todos sabem do potencial mineral da região. “O mundo todo conhece e acredito que mais do que nunca o governo federal tem que dar uma atenção especial a esta região”, disse, lembrando que o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) foi fechado em Itaituba, sinal de que o governo do Estado não está preocupado com a situação econômica da região.
“Hoje o garimpeiro e o empresário minerador vivem harmonicamente, se entendem, falam a mesma língua, se respeitam. Com essa ocorrência de retirar o DNPM nesta fase de transição, na minha opinião, corre o risco muito grande de conflitos, uma vez que o garimpeiro não vai mais poder fazer a garimpagem manual”, alerta Asdrúbal, destacando que o órgão tinha o papel de regular a exploração e que pode haver uma corrida desenfreada ao ouro, se não houver a presença governamental.
Para o deputado, a criação de reservas e a ausência do Estado têm prejudicado muito o setor florestal, especialmente as indústrias madeireiras, que sofrem para conseguirem manter as portas abertas. As medidas, segundo Asdrúbal, visão a internacionalização da Amazônia. “Tudo isso é muito preocupante por que vejo o risco de clima de tenção social se agravar cada dia mais”, alerta, atestando que a região vive uma crise econômica grave, o que causa problemas sociais sérios.
“Nós somos da Amazônia conhecemos profundamente a região, por que aqui nós fomos criados e continuamos vivendo, então nós é que temos que dar soluções para os nossos problemas e não esperar que venham de fora pra dentro, de exterior para interior, de Brasília para cá, porque isso não vai resolver”, disse, destacando que a atuação das Organizações Não Governamentais (ONGs) na região é prejudicial aos interesses da sociedade.
Perguntado se a criação do projeto de gestão de florestas não seria viável para a região, Asdrúbal Bentes respondeu que aparentemente seria, mas na prática também não é. “Por que na hora em quê houver a licitação para a concessão aos madeireiros para a exploração das áreas, nem um madeireiro da região vai ter condições de competir com as grandes potências que virão, as multinacionais que vão poder concorrer”.
(O Liberal – PA, 15/02/06)