Basf cobra pelo uso de semente e defensivo pirata
2006-02-16
Depois da Monsanto, chegou a vez da multinacional alemã Basf combater o uso
ilegal de sua tecnologia no Brasil. A empresa anunciou que combaterá a
pirataria do herbicida para arroz Only, fabricado por ela, e das sementes
Irga 422 CL, do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), e da Tuno CL, da
Rice Tec. O sistema de utilização das sementes e do Only é conhecido como
Clearfield.
O produtor que usar a semente não certificada ou o agroquímico sem registro
pagará indenização de 2,5% sobre o valor do arroz comercializado. A
indenização sobe para 5% se o agricultor tiver utilizado a semente ilegal e
o defensivo sem registro. O sistema vai operar no Rio Grande do Sul.
"É a primeira vez no mundo que a Basf implanta este sistema de cobrança, que
poderá ser estendido dentro do Brasil ou usado como modelo em outros
países", diz Gustavo Portis, gerente de marketing da empresa.
No Brasil, a multinacional alemã produz defensivos para as lavouras de soja,
milho, arroz, cana, algodão, café e laranja. Para coletar as indenizações, a
Basf está cadastrando engenhos e cerealistas no Rio Grande do Sul. Eles
terão acesso a um sistema por meio do qual podem verificar qual seria o
volume potencial de colheita possível com a quantidade de sementes e
herbicidas adquirido. Se o volume for muito superior, estará sujeito ao
pagamento de indenização.
O sistema deve entrar em operação já na safra deste ano, que começa a ser
colhida em março. Ao mesmo tempo, a empresa realizará testes laboratoriais
em amostras do arroz colhido. Os testes servirão para avaliar se houve
pirataria do material genético e o uso do herbicida. Portis calcula que
quase dois terços das sementes plantadas ou tratadas pelo sistema Clearfield
do arroz no Sul são ilegais. Ele não soube dizer qual o prejuízo da empresa
com a pirataria.
O Sistema Clearfield, lançado ao mercado em março de 2004, combina o uso do
herbicida Only [de amplo espectro, Imazethapyr-75% e Imazapic-25%, ambos do
grupo químico imidazolinonas], produzido pela Basf, e as sementes
mutagências IRGA 422CL e Tuno CL, desenvolvidas, respectivamente, em
parceria com o Instituto Riograndense do Arroz e a empresa Rice Tec. [...] O
processo de mutação, empregado no desenvolvimento dessas cultivares, ocorre
pela indução do retrocruzamento das sementes, de forma natural. É um método
tradicional de melhoramento genético e se diferencia da transgenia por não
utilizar genes de outros seres. (GM, 15/2)