Holanda estuda ampliar uso de energia nuclear
2006-02-15
A Holanda deve considerar um aumento em seu uso de energia nuclear nas próximas décadas, para suprir as demandas de energia e atingir os objetivos ambientais, disse um ministro do governo. Um relatório divulgado nesta terça-feira (14) pelo Centro de Pesquisa de Energia holandês, um agência independente de consultoria, concluiu que a energia nuclear pode possibilitar à Holanda uma economia de US$ 713.3 milhões por ano, enquanto o país procura reduzir as emissões de dióxido de carbono e reforçar a economia. Os holandeses querem reduzir a emissão de gases do efeito estufa em pelo menos 15% até 2020, em sintonia com os objetivos da União Européia.
Desde que assumiu o poder em 2003, o governo conservador adotou uma posição favorável à energia nuclear, que governos anteriores ameaçaram deixar de lado. Há dois anos, o atual governo estendeu a vida do único reator de energia nuclear holandês e convocou um debate público sobre manter esta opção aberta. Mas a chamada para expandir os recursos nucleares levou a discussão um passo a frente, e provocou a ira dos ambientalistas.
O vice-ministro do Meio Ambiente, Pieter van Geel, disse que espera que o relatório induza um debate. "Nós evitamos essa discussão por tempo demais", disse. "Precisamos atingir nossas metas e faremos isso de um jeito ou de outro. A energia nuclear poderia ter um papel importante nisso".
Os problemas causados pelas mudanças climáticas e falta de energia tornaram a opção nuclear mais aceitável aos olhos do público, ele disse. Um artigo sobre a política de energia do governo sairá ainda este ano. Loes Visser, porta-voz da Defesa do Meio Ambiente, disse que se opôs às instalações nucleares porque são muito perigosas e porque ficar muito caro tratar o lixo radioativo. Os preços altos do petróleo e a preocupação crescente com as emissões do dióxido de carbono têm sido usados como pretexto por grupos pró-nucleares para rediscutir o problema, disse Loes. "O lobby de energia nuclear está vendo uma chance de conseguir algum dinheiro".
A Defesa do Meio Ambiente preferiria ver um mix de investimentos em tecnologias de energia solar e eólica. No cálculo de custo da energia nuclear, o centro não pensou no custo potencial de armazenar dejetos radioativos por milhares de anos ou certificar-se de que o lixo atômico não cairá nas mãos de terroristas. O diretor do Centro de Pesquisa de Energia, Ton Hoff, disse que esse seria um problema político à parte.
(Estadão Online, 14/02/06)
Link:http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=23156