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2006-02-15
Várias empresas de energia e manufatureiras se juntaram com uma firma ambiental proeminente para desenvolver o primeiro plano compreensivo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa dos Estados Unidos. Estas empresas, entre elas a Shell Oil, British Petroleum, Cinergy Corp., Intel, Alcan Inc. (produtora de alumínio) entre outras, aprovaram o “Agenda for Climate Action” publicado pelo Pew Center sobre Mudanças Climáticas, um grupo não governamental que trabalha com o setor privado, fornecendo informações confiáveis e soluções sobre as mudanças climáticas.

O relatório é resultado do primeiro consenso de políticas as quais são necessárias para que os EUA lidem, com sucesso, com os problemas ambientais causados pela queima de combustíveis fósseis, como óleo e carvão, disse a Presidente do Pew Center, Eileen Claussen. Este lançamento coincidiu com um pedido amplamente publicado, realizado por 85 líderes evangélicos para que o Congresso aprove uma lei que reduziria as emissões de gases do efeito estufa dos EUA.

“Algumas pessoas acreditam que a resposta para os problemas climáticos são os incentivos tecnológicos. Outros dizem que limitar as emissões é a única resposta. Precisamos de ambos”, disse Clausen. Os EUA são responsáveis por 25% das emissões mundiais de gases do efeito estufa (GEE), mas a administração Bush se retirou do Protocolo de Kyoto em 2001. O tratado, o qual finaliza o primeiro período de compromissos em 2012 e foi ratificado por mais de 150 países, compromete os países desenvolvidos participantes a reduzir as suas emissões de GEE em uma média de 5.2% com base no nível de 1990.

A recusa da administração Bush em considerar reduções obrigatórias a deixou em maus lençóis com grupos ambientalistas, governos locais e até mesmo um grande número de corporações, preocupadas com o fato de que a dependência atual sobre os combustíveis fosseis é insustentável.

O relatório do Pew Center nota que as emissões de GEE estão mais altas do que em centenas de milhares de anos, causando “impactos visíveis ao redor do mundo, e que estas mudanças estão acontecendo mais rapidamente que o esperado”. “Estou convencido que é prudente agir agora para mitigar o que já sabemos” sobre as mudanças climáticas, disse o CEO da Cinergy, James Rogers. A Cinergy, uma usina localizada em Cincinnati (EUA), é a quinta maior produtora de energia proveniente do carvão dos EUA.

O relatório pretende uma combinação de reduções obrigatórias das emissões, desenvolvimento de tecnologias, pesquisa cientifica, produção de energia alternativa e adaptação. Ele faz 15 recomendações especificas que devem ser implementadas imediatamente, incluindo reduções domesticas (nos EUA) e o engajamento no processo de negociações internacional. “O relatório representa um plano de ações para a redução das emissões pragmático e significativo”, disse a diretora de análises políticas do Pew Center, Vicki Arroyo.

A participação construtiva dos EUA a nível internacional para fortalecer os esforços de redução das emissões é uma parte muito importante do plano, disse Arroyo. “O plano de reduções voluntárias de George W. Bush claramente não está funcionando, e isto não vai mudar sem políticas e regulamentações”, disse ela.

O Presidente da Shell Oil Co. concorda. “As mudanças necessárias na nossa infraestrutura energética para que a demanda futura seja atendida e para responder às mudanças climáticas não acontecerão ao acaso”, disse John Hofmeiter. “Uma regulamentação mais clara e a longo prazo fornecerá às empresas o incentivo necessário e a confiança para futuros investimentos”, disse Hofmeiter.

O relatório dá atenção especial para a utilização de transportes e energia, pois estas são as principais fontes de emissões nos EUA. Somente o setor de transportes equivale a 30% das emissões do país, e as tentativas de melhorar a eficiência dos combustíveis de automóveis feitas nos últimos anos falharam devido a intensa oposição de companhias automotivas e algumas companhias de petróleo, além da administração Bush.

Os padrões de eficiência para combustíveis de veículos, dentro do programa do CAFÉ - Corporate Average Fuel Economy, mudaram muito pouco desde 1985. E pesquisas recentes feitas pelo Consumer Reports calcularam que as milhas por galão da frota de veículos dos EUA do ano de 2003 foi superestimada em mais de 30%.

Para resolver os problemas políticos das milhas por galão, o relatório sugeriu que fosse estabelecido um padrão de emissões de GEE por galão negociável para a frota de veículos de cada industria, disse Arroyo. Apesar de ser parecido com o programa atual da CAFÉ, a principal diferença do relatório, é que a companhia que estivesse abaixo do padrão poderia ganhar créditos que poderiam ser negociados com outros industriais automotivos ou no crescente mercado de créditos de carbono. “Ele ataca o problema das mudanças climáticas e oferece uma alternativa ao programa CAFÉ”, disse ela.

Também são necessários incentivos governamentais para que o mercado automotivo possa baixar as suas emissões ou até mesmo torna-las nulas, além do aumento nos investimentos em pesquisas. “Melhorar a eficiência energética é a coisa mais simples que poderia ser feita, e as companhias nos dizem que a economia nos custos geralmente resulta destas melhorias”.

Entretanto, somente a melhoria na eficiência da utilização e produção energética não será suficiente para atingir as reduções de emissão necessárias em uma economia onde a utilização per capta de energia está aumentando ao passo que as pessoas adquirem mais e mais bugingangas eletrônicas. As emissões dos EUA cresceram mais de 18% desde 1990, e o Departamento de Energia tem projeções de que aumentará 37% até 2030.

O carvão é de longe a fonte de energia mais utilizada, e por ser barata, continuará sendo uma das principais fontes de energia dos EUA. São necessários incentivos monstruosos para a pesquisa de tecnologias para capturar e estocar GEE provenientes do carvão. “Precisaremos de todas as formas de produção de energia, incluindo mais carvão e nuclear”, disse Arroyo. “Apesar do apoio da administração Bush para tecnologias limpas relacionadas com o carvão, o país não está investindo nem perto do que será necessário para que funcione”.

Atualmente, companhias estão construindo novas usinas de carvão, então há uma tremenda urgência para o desenvolvimento destas novas tecnologias, disse ela. Além disso, um regime regulatório e de segurança deve ser estabelecido. “Isto tudo é vital, ao passo que as industrias se preparam para construir a próxima geração de usinas de energia, necessárias para o crescimento da nossa economia”, disse Rogers da Cinergy.

Realmente, o relatório expressa a necessidade de uma ação urgente. A transição para uma economia low-emission(com baixas emissões) “não será fácil, mas é crucial que tenha início agora. Mais atrasos somente tornarão o desafio mais custoso e mais desanimador”, conclui o relatório.
(CarbonoBrasil, 14/02/06)
Link:http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=23165

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