ONU alerta para nova crise provocada pela seca na África
2006-02-15
A grave seca que atinge a região leste da África (leste do continente) continuará pelo menos até o início de abril, alertou na terça-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM), enquanto a ONU fez uma convocação para evitar uma nova crise humanitária na região, particularmente na Somália.
Segundo as previsões meteorológicas, o fenômeno afeta de maneira mais grave o Quênia e a Somália, onde seus efeitos negativos poderão ser sentidos até o final do ano.
A OMM indicou que a maior parte desses países "apresentam níveis de chuva muito abaixo do normal". As regiões mais afetadas enfrentam a terceira estação consecutiva de seca, o que fez com que em algumas zonas fossem registrados "os meses mais secos dos últimos 45 anos", segundo o porta-voz da organização, Mark Oliver.
Embora os meteorologistas não descartem precipitações esporádicas, estas provavelmente só ocorreriam em áreas próximas a importantes reservas naturais de água, como nos lagos do sul e do nordeste da Tanzânia, de Burundi e de Ruanda, acrescentou. A OMM, que é uma agência especializada da ONU, prevê também que "o forte impacto negativo" da seca na vida e na economia das zonas atingidas será prolongado por vários meses.
Entre as principais conseqüências da seca, Oliver citou o aumento da mortalidade por doenças relacionadas à falta de alimentos e o desaparecimento do gado, que em muitos casos é o único meio de subsistência dos povos locais. "Existe uma alta dependência, especialmente em algumas áreas do Quênia onde não há chuvas. Os efeitos serão sentidos o resto do ano", declarou.
Elizabeth Byrs, porta-voz do escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) pediu às autoridades políticas, assim como às próprias comunidades afetadas, "que cooperem para facilitar os serviços de assistência internacional". Os comboios da ONU que transportam ajuda em forma de alimentos e remédios foram alvo de vários ataques na Somália por parte de diferentes grupos armados, denunciou a porta-voz da Ocha.
Desde 1991, a Somália carece de um Governo central e é cenário de lutas entre clãs rivais que controlam distintas zonas do país, que agora se vê assolado pela pior seca da última década. A porta-voz afirmou que "é imperativo" que todos os somalianos se mobilizem "para evitar uma crise humanitária sem precedentes". "A distribuição de assistência na Somália está ameaçada no centro e no sul, e a situação pode piorar rapidamente", disse, por sua vez, o coordenador da ONU para o país africano, Maxwell Gaylard, que acrescentou que a nação precisa "do apoio de todos para assegurar a entrada e a proteção dos funcionários responsáveis e das cargas".
Calcula-se que cerca de 1,7 milhão de pessoas dependem em grande parte da ajuda humanitária na Somália, onde a seca devastou os cultivos e provocou a erosão dos terrenos férteis. Além disso, 400 mil desabrigados no país estão em situação "de grande risco e vulnerabilidade", segundo Byrs.
(EFE, 14/02/06)
Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/02/14/ult1766u14676.jhtm