Geólogo revela que Aqüífero Guarani não é a maior reserva de água doce
2006-02-15
O geólogo e supervisor de projetos da companhia de Pesquisa de Recursos Minerais do Estado, Marcos Alexandre de Freitas, disse ontem, em entrevista a uma rádio de Sant Ana do Livramento, que o Aqüífero Guarani não é a maior reserva de água doce do planeta. Ele abordou a elaboração do Mapa Hidrogeológico do Rio Grande do Sul.
O referido trabalho envolveu uma equipe de geólogos, técnicos e engenheiros, os quais em quatro anos recolheram dados importantíssimos desmistificando que o Aqüífero Guarani seria a maior reserva de água doce da Terra.
Devido aos grandes problemas que o Estado vem enfrentando envolvendo os seus recursos hídricos, entre eles a contaminação dos mananciais superficiais e freqüentes estiagens, intensificou-se a busca das águas subterrâneas. Em função desta situação os governos federal e estadual estão promovendo, entre outras medidas emergenciais, programas de perfuração de poços visando aumentar a oferta de água para a população. No entanto, estas iniciativas esbarravam no desconhecimento da hidrogeologia do Estado.
Diante desse quadro, o Serviço Geológico do Brasil - CPRM e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Diretoria de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SEMA/RS, assinaram convênio e executaram um projeto, iniciado em setembro de 2003, para elaboração do Mapa Hidrogeológico do Rio Grande do Sul, na escala 1:750.000. Um dos objetivos do convênio é fornecer informação e conhecimento como subsídio ao gerenciamento de recursos hídricos, em nível de macroplanejamento, permitindo avaliar de modo regional a potencialidade dos aqüíferos, suas condições de recarga, aspectos de qualidade das águas subterrâneas de acordo com as características gerais dos aqüíferos localizados no Estado do Rio Grande do Sul.
Relatório
O relatório técnico aborda os aspectos metodológicos empregados e os resultados finais obtidos durante o desenvolvimento do trabalho de cadastramento de poços tubulares e da cartografia hidrogeológica na escala 1:750.000. Os dados cadastrados de 7.692 poços tubulares estão disponíveis na base do SIAGAS (Sistema de Informações de Águas Subterrâneas).
O inventário é completo, incluindo dados de localização, vazão, níveis de bombeamento, análises químicas, descrição litológica e perfil construtivo.
Marcos Alexandre destaca que o Aqüífero Guarani na verdade não é contínuo como se esperava e sim formado de compartimentos onde em grande parte apresenta águas com problemas de potabilidade, com bastante volume hídrico, mas muitos sais. Um exemplo disso são as regiões Centro, Norte e Nordeste, onde há problemas até de flúor.
O Geólogo argumenta que felizmente a região Oeste, onde está Livramento, Quaraí e Alegrete, ocorre uma das maiores incidências de uma água de boa qualidade. "A extração da água nestes municípios e aqui na cidade tem de ser muito bem gerenciada além da necessidade de haver um controle ambiental constante para garantir o uso racional deste manancial de água doce", alertou Alexandre, temendo uma contaminação total da área.
Ele destaca também que no RS, cerca dois terços, apresenta uma baixíssima produtividade de recursos hídricos, conforme aponta o Mapa Hidrológico.
Todas as informações detalhadas deste amplo trabalho realizado no Estado estão disponíveis no endereço: www.cprm.gov.br.
(A Platéia, 15/02/06)