Manaus perdeu metade do verde em dois anos
2006-02-15
Nos últimos dois anos, segundo dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável (SDS), 50% das áreas verdes e remanescentes de florestas primárias urbanas foram devastadas pela ação do homem. De acordo com pesquisas desenvolvidas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), desde 2000 a capital perdeu mais da metade de sua cobertura vegetal.
"O processo de desflorestamento e destruição tem sido muito acelerado, principalmente nas zonas do entorno de Manaus, para onde a cidade cresce, e às margens dos igarapés, onde a indústria da invasão tem forte ação", diz Rita Mesquita, secretária adjunta de Projetos Especiais da SDS.
Uma pesquisa da Fundação Vitória Amazônica revela que, em 1973, havia 473,6 quilômetros quadrados de floresta, para 159 quilômetros quadrados desmatados (Km2). Esses valores, em 2003, eram de 299,4 Km2 de mata e 335,6 Km2 desflorestados. No intervalo de 30 anos foram perdidos 174 Km2 de verde, aproximadamente.
À frente da pesquisa da Ufam sobre os fragmentos, o biólogo Marcelo Gordo garante que a situação da cobertura vegetal urbana é precária, com diferentes agressões. "Temos desde o mau uso, provocado pelo abandono, com terrenos baldios transformados em pontos de consumo de droga, até lixeiras viciadas e invasões. É um problema sério, moral e cultural", fala o pesquisador, mestre em Ecologia.
Para Cláudia Steiner, da área de Gestão Territorial da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sedema), seguindo a legislação ambiental ao pé da letra, 70% de Manaus estaria em zona de preservação e boa parte do Centro histórico e do porto não poderia existir.
Os maiores danos, além da destruição do meio ambiente, são a perda de água potável, defesa do solo e alteração no microclima local. "Os fragmentos de floresta cumprem uma importante função de proteção dos recursos hídricos, fauna e flora existentes, além de funcionarem como reguladores do microclima urbano. Hoje medimos diferentes temperaturas na cidade, de até quatro graus, quando há árvores ou não. A vegetação também funciona como quebra-vento nos vendavais comuns no inverno amazônico", diz a agrônoma.
(A Crítica, 13/02/06)