O governo brasileiro pretende investir US$ 15 milhões nos próximos quatro anos para recuperar os cerca de 20 mil quilômetros quadrados de manguezais no país, através da capacitação das comunidades que vivem ao redor dessas áreas e de um trabalho com as administrações estaduais e municipais.

A iniciativa — chamada de Projeto GEF Mangue e desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o PNUD — está em fase de estudo e elaboração e conta com um financiamento assistencial inicial de US$ 330 mil. Do valor total do programa, US$ 5 milhões são do GEF (sigla em inglês para Fundo para o Meio Ambiente Mundial), e o restante entra como contrapartida do governo brasileiro, em uma iniciativa que envolve também o Ministério da Ciência e Tecnologia.

“A sobrevivência dos mangues é essencial para as famílias que vivem ao redor deles. Eles são vitais do ponto de vista econômico para as pessoas que vivem da pesca artesanal e industrial”, afirmou o secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, durante o lançamento do projeto, na ultima sexta-feira.

O projeto terá quatro fases. A primeira, elaboração de uma política de regulamentação, a segunda, de capacitação das comunidades locais de pescadores e dos outros usuários dos manguezais. Depois disso, serão implementadas as formas de gestão e, finalmente, a fase de experiência, ou seja, a consolidação do projeto.

Na etapa inicial, os técnicos elaborarão estudos nos manguezais da foz do rio Pará e em duas áreas do Maranhão, para definir o modelo de gestão ambiental do ecossistema. O Maranhão possui a maior área de manguezais do Brasil. O projeto-piloto deve ser finalizado até o julho e enviado para aprovação do PNUD. A implementação do programa deve ficar para o segundo semestre do ano. "Mas de fato o programa já começa a ser elaborado e a ter efeitos a partir de agora. Nós estamos interagindo com as comunidades locais", afirmou Capobianco.

As áreas para desenvolver os modelos de gestão foram escolhidas a partir dos níveis de risco de destruição que os manguezais correm. São cinco os principais problemas que afetam os mangues: expansão das áreas urbanas, pesca e turismo predatórios, poluição de esgoto e petróleo, desmatamento e carcinicultura (criação de camarões em viveiro).

A área de mangue no Brasil representa de 6% a 15% do total no mundo, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Os manguezais são responsáveis pela manutenção de 80% da pesca marítima e fluvial. Cerca de 800 espécies dependem dos mangues, desde moluscos, peixes e aves.
(PNUD, 13/02/06)