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2006-02-14
Na busca por água no semi-árido nordestino, trabalhadores rurais do sertão paraibano descobriram em suas terras uma riqueza que não imaginavam existir. Cavando poços na terra seca, em vez de água encontraram petróleo, a poucos metros de profundidade.

O primeiro poço, com 46 metros, surgiu há 24 anos, na zona rural de Sousa, a 430 km de João Pessoa. Nos anos seguintes, pelo menos outros três, perfurados em áreas vizinhas, também apresentaram indícios do óleo. Até agora, entretanto, as possíveis jazidas permanecem inexploradas.

O petróleo, retirado em latinhas penduradas por cordas ou arames, só tem servido para causar espanto aos vizinhos e curiosos que visitam os lavradores. O agricultor Crisogônio Estrela de Oliveira, 43, é o mais procurado.

No seu sítio, onde vive com a mulher e três filhos, Oliveira mantém o poço mais antigo e também o mais "produtivo" da vizinhança. O cano estreito de onde ele extrai o produto fica tapado por um pedaço de pano velho e escondido sob uma pedra, perto da pocilga.

Do buraco, sempre cercado de galinhas e bois, Oliveira mergulha a latinha e retira um líquido grosso, escuro e viscoso, com cheiro que lembra uma mistura improvável de tinta com gás. É o petróleo, "de boa qualidade", segundo o diretor-presidente da CDRM (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais) da Paraíba, José Aderaldo de Medeiros Ferreira, 67. De acordo com ele, há indícios de que o óleo possa estar presente não apenas no sítio de Oliveira e de seus vizinhos, mas também em uma extensa área de 1.400 km2, conhecida como bacia sedimentar do Rio do Peixe.

Essa área, disse Ferreira, seria uma extensão da bacia do Apodi, região produtora de petróleo com 15 mil km2, localizada no Estado vizinho do Rio Grande do Norte.

Com base nessa suposição, o diretor da CDRM acredita que as possíveis jazidas paraibanas possam produzir até 20 mil barris por dia. "Evidentemente, não seria uma produção de impacto nacional, mas, para a região, representaria a estabilização", afirmou.

De acordo com ele, os seis municípios localizados na bacia do Rio do Peixe e os agricultores receberiam royalties pela exploração do petróleo em suas terras.

Até agora, porém, ninguém sabe nem sequer onde estariam as jazidas. O único estudo realizado na área, disse Ferreira, foi feito pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), a pedido do governo estadual. O objetivo era detectar sinais de gás e óleo no solo.

Na pesquisa, afirmou, a potencial região produtora foi mapeada e dividida. De locais determinados, foram retiradas 1.800 amostras de terra a uma profundidade média de 70 cm. As amostras foram enviadas para análise no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos, que "confirmaram os indícios".

O otimismo de Ferreira, contudo, ainda não contagiou os lavradores. Em Sousa, os agricultores continuam mais preocupados em plantar e conseguir água potável do que em sonhar com dinheiro fácil e rápido em suas mãos.

"Acho que a Paraíba vai ficar rica, mas, para mim, não sei não se vai sobrar algum", disse o lavrador Pedro Maria dos Santos, 44, dono de "uma tarefa de terra [3,5 hectares]" e que se proclama o "descobridor" do petróleo.

Santos afirma que, apesar de ter perfurado seu poço com sinais de óleo apenas em 2001, foi ele quem fez o alerta que levou à confirmação da presença de petróleo na região. "Por isso, o descobridor posso dizer que fui eu mesmo."

Agricultor ficou frustrado com o óleo que contaminou poço de água
Dono do poço com petróleo perfurado há 24 anos em Sousa (PB), o agricultor Crisogônio Estrela de Oliveira, 43, agradece a Deus por ter encontrado água potável em sua propriedade. Frustrado com o óleo que contaminava seu poço, ele conta que ficou apreensivo ao cavar outro, a 200 metros de distância do primeiro: "Pensei que ia ter problema nesse também, mas, graças a Deus, deu água", diz.

Oliveira disse que nunca usou o petróleo para nada, a não ser para mostrar aos curiosos. "Se eu fosse ganhar pelo óleo que já puxei na lata, estaria rico", brinca. Leia trechos da entrevista. (FG e RC)

Agência Folha - Como apareceu o petróleo? Crisogônio Estrela de Oliveira - Meu pai perfurou esse poço de 46 metros e, no começo, a água só oleosa. Depois de uns quatro anos, era óleo puro.

Agência Folha - O que fizeram? Oliveira - A gente não queria óleo, queria água. Furamos outro poço, de 53 metros. Pensei que ia ter problema nesse também, mas, graças a Deus, deu água.

Agência Folha - Você preferiu achar a água? Oliveira - É porque a gente, nesse sertão seco.... A água aqui é pouca, sabe? No começo, preferia que fosse água, mas, como veio petróleo, tudo o que Deus dá é bom, não é?

Agência Folha - Como soube que era petróleo? Oliveira - Há uns quatro anos, um vizinho, o Pedro Maria [dos Santos], cavou um [poço] de 36 metros e também deu óleo. Ele mandou fazer exame e deu que era petróleo. Outros vizinhos também encontraram óleo.
(Folha de S.Paulo, 13/02/2006)

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