A Polícia Ambiental da Brigada Militar descobriu ontem, ao checar uma denúncia em Linha Picada Nova, no interior de Venâncio Aires, 374,8 mil metros quadrados de desmatamento. A mata nativa de uma área de pouco mais de 37 hectares foi destruída, segundo apuraram os policiais de Rio Pardo, para dar espaço a pastagens para o gado. Este é, segundo o policial Marcos Rogério Camargo, um dos mais graves casos de desmatamento verificados na região nos últimos anos.

Os PMs se surpreenderam com o que viram no local. Além da derrubada de árvores nativas, houve desvio de cursos d água, banhados foram extintos e plantas características da área também foram cortadas. Em clareiras abertas no meio do que sobrou da mata, restos das plantas destruídas eram jogados em valas que, provavelmente, seriam cobertas de terra. Os policiais constataram o corte de quase 200 coqueiros, o que não é permitido por lei.

Segundo Camargo, além das plantas a destruição ambiental ao longo de mais de 37 hectares afetou gravemente o ecossistema. “Aves que viviam e se alimentavam no banhado continuam no local, mas agora têm dificuldades para se alimentar”, lamentou ele. A espécie mais afetada foi a das catorritas. Para completar a série de infrações, conforme os policiais, houve muita queimada no local. O proprietário das terras não foi localizado pela Polícia Ambiental. Por meio de um empregado ele foi notificado a dar explicações em uma semana.

Somados, os delitos podem render ao proprietário uma multa que varia de R$ 30 mil a R$ 150 mil, mais um período de três a nove anos de detenção. O material produzido pela equipe da BM segue agora para a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), que abrirá processo administrativo, e para o Ministério Público Estadual (MP), que abrirá processos criminal e cível. Como provavelmente agiu sem licença, o proprietário terá ainda que reparar os danos ambientais que foram causados.
(Igor Müller/Gazeta do Sul, 14/02/06)