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2006-02-14
A atual incerteza quanto ao abastecimento de gás boliviano dá destaque imediato para um sistema de aquecimento ecologicamente correto, que não polui, não depende de sol para funcionar e ainda por cima fornece até seis vezes mais energia do que a eletricidade que consome. Ainda que pareça idéia futurista, trata-se de uma tecnologia consolidada na Europa há mais de 50 anos – e agora uma realidade também em Curitiba, na piscina olímpica do campus do UnicenP - Centro Universitário Positivo, onde se acha a primeira aplicação desse porte no Brasil.

"Além da brutal redução de custos em relação ao antigo sistema a gás natural, essa inédita tecnologia nos coloca na vanguarda do desenvolvimento sustentável: com a eliminação das emissões correspondentes de gás carbônico, o CO2, o UnicenP poderá vender créditos de carbono, como prevê o Protocolo de Kyoto. E isso nos estimulou já a encomendar à Thermácqua um novo projeto, desta vez para os chuveiros dos vestiários das piscinas, utilizando o calor geotérmico", afirma o pró-reitor administrativo, Arno Antonio Gnoatto.

Atualmente, mais de 60% das novas residências na Suíça, por exemplo, têm as suas demandas de calor cobertas pelo sistema das bombas de calor. Tendência crescente das últimas décadas, elas vêm substituindo os aquecedores de caldeiras que queimam gás, madeira, óleo combustível ou carvão mineral. Além de causar redução nas reservas de combustível fóssil, o velho sistema despeja toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, aumentando, pelo efeito estufa, a temperatura do planeta e, conseqüentemente, até o nível dos mares.

Sem gerar qualquer desses problemas, e ainda multiplicando a energia que ela própria usa, a bomba de calor tem o mesmo princípio da geladeira, só que aplicado ao contrário. Ao invés de retirar o calor dos alimentos no seu interior e descartá-lo na tubulação que fica atrás, como faz um refrigerador, a bomba aquece a água com a energia que tira do ambiente, seja do ar, da terra ou da água.

"É possível retirar calor de praticamente qualquer lugar na natureza", afirma o engenheiro eletricista Ricardo Doetzer, mostrando como exemplo bem-sucedido dessa aplicação o sistema do campus do UnicenP. Lá, a piscina olímpica é mantida aquecida o ano todo por duas bombas de calor, que retiram energia do lago a 300m de distância. “Além de evitar a poluição do meio ambiente, o sistema permitiu reduzir em até dez vezes os gastos com aquecimento da água, antes feito com gás natural", ressalta Doetzer. O administrador de empresas Marcos Marques, sócio de Doetzer na Thermacqua, a empresa que fornece o sistema, calcula o retorno do investimento em menos de 18 meses.

O engenheiro de eletrônica Hans Schorer, também sócio da Thermacqua, lembra que a energia, na verdade, vem do Sol. "Mas não por radiação direta, como nos sistemas de aquecimento solar, os quais têm a desvantagem de não funcionar à noite nem nos dias nublados, muito freqüentes em Curitiba", explica ele, acrescentando que a energia solar fica acumulada no planeta, e é constantemente renovada a cada dia. "Retiramos a água do lago a 18 graus e a devolvemos a 16 graus; com dez litros de água do lago elevamos em 20 graus a temperatura de um litro na piscina", arremata.

Schorer ainda aponta que a eficiência do sistema pode ser muito maior no Brasil, onde as temperaturas são mais altas. "Esse sistema foi desenvolvido na Europa, para operar sob temperaturas negativas, então, quando instalado em locais de temperatura que raramente desce a zero, sua eficiência aumenta", completa.

As possibilidades do sistema são enormes, se o calor for considerado como forma de energia reutilizável. Num hotel, por exemplo, o aquecimento da água pode estar interconectado com o sistema de ar-condicionado. Assim, o calor retirado dos ambientes poderá aquecer a água para o banho. Além disso, já é lei em Curitiba que os prédios despejem a água que sai das torneiras e dos chuveiros numa cisterna, para reutilizá-la como descarga nos vasos sanitários. E essa mesma água, como chega morna à cisterna, também é grande fonte de calor para aquecimento da água tratada, aproveitando ao máximo a energia térmica disponível.

Ricardo Doetzer destaca que as bombas de calor fornecidas pela Thermacqua, produzidas pela alemã Alpha InnoTec, possuem um sistema de navegação que dá acesso simples às informações numa tela de cristal líquido. Dentro do equipamento ficam diversos sensores, dispositivos de segurança e microprocessador, o que automatiza, simplifica e torna segura a operação. As informações relevantes são armazenadas num histórico das condições de funcionamento. Segundo ele, finalmente, o completo monitoramento do sistema poderá ser feito à distância, com uma simples ligação telefônica via modem.
Por Luciano Balarotti - Enfoque Comunicação/Thermacqua/UnicenP.

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