Gripe aviária atinge o coração da Europa
2006-02-14
O vírus da gripe aviária afetou o coração da Europa, através de cisnes selvagens contaminados com o vírus H5N1 encontrados mortos no sábado na Itália, na Grécia e na Bulgária. Com a confirmação dos casos da doença, as autoridades européias vão estabelecer "imediatamente" algumas zonas de vigilância em volta dos locais onde a cepa altamente patogênica do vírus foi encontrada.
Os cisnes contaminados pelo vírus H5N1 migraram para a região fugindo do mau tempo que atinge os Bálcãs. Fora da UE, o vírus também foi detectado na Bulgária. O laboratório britânico de Weybridge confirmou a presença de uma versão "altamente patogênica do H5N1 em cisnes selvagens na região de Vidin, perto da fronteira com a Romênia", anunciou mais tarde a Comissão Européia.
A Itália parece ser o país europeu mais atingido pela doença, desde a descoberta nos últimos dias dos 17 cisnes mortos em três zonas diferentes do sul do país, em Apulia, Calabria e, sobretudo, na Sicília (vários municípios contaminados). "O vírus chegou à Itália", declarou oficialmente o ministro de Sanidade, Francesco Storace, que convocou em caráter de urgência uma reunião de crise em seu ministério. No entanto, o ministro destacou que não há risco nenhuma para a população: "Não existe qualquer caso de transmissão direta do animal selvagem para o homem", disse em entrevista coletiva à imprensa.
Com base nas análises realizadas por seu laboratório de referência de Weybridge, na Grã-Bretanha, a Comissão Européia confirmou pouco depois a forma "altamente patogênica" do H5N1 na Itália e na Grécia, nas mostras de cisnes selvagens encontrados mortos em Salônica e Pieria. "A Comissão está acompanhando de perto a situação", disse um porta-voz do órgão executivo.
A Grécia adotou na quinta-feira (09/02) as medidas de precaução recomendadas pela UE, em particular o estabelecimento de uma área de proteção de um raio de 3 quilômetros e de uma área de vigilância de um raio de 10 quilômetros ao redor do lugar onde os cisnes estavam. A Itália decidiu adotar a mesma medida, segundo a Comissão Européia. O Governo proibirá, além disso, durante 20 dias, o transporte de animal doméstico vivo que ficará suscetível ao vírus nas três regiões onde as aves mortas foram encontradas. As autoridades de ambos os países tentam tranqüilizar as populações e insistem em que apenas as aves selvagens foram contaminadas. "Não há motivos de preocupação ou pânico no país, pois não há nenhum caso da doença em viveiros na Grécia", destacou o ministério grego da Agricultura.
A epizootia, que causou a morte de dezenas de milhões de aves nos últimos dois anos, é a causa de, pelo menos, 147 casos de contaminação em humanos (Camboja, China, Indonésia, Vietnã, Tailândia e Turquia). Especialmente virulenta, a cepa asiática do H5N1 é a "melhor candidata" para provocar uma possível pandemia de gripe humana se, em um algum momento, conseguir se "humanizar", tornando-se contagiosa de pessoa a pessoa. No entanto, o citado vírus não é o único que representa perigo, já que outros, como o H7 ou o H9, também poderiam sofrer mutação e causar uma pandemia. Estes últimos fazem parte da família dos vírus gripais tipo A. Os diferentes subtipos são definidos por duas proteínas designadas pelas letras H (hemaglutinina), numerada de H1 a H15, e N (neuraminidase), numerada de 1 a 9.
(AFP, 11/02/06)
Link: noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/02/11/ult34u147606.jhtm