Uruguai diz ter tomado precauções para fábricas de celulose
2006-02-14
O ministro do Meio Ambiente do Uruguai, Jaime Igorra, ratificou no domingo que seu país tomou "todas" as precauções para que fábricas de papel que estão sendo construídas em Fray Bentos não contaminem o meio ambiente, e considerou "graves" os protestos da Argentina. "O Governo uruguaio tomou todas as precauções neste caso", insistiu Igorra em declarações à emissora Rádio Del Plata, de Buenos Aires, ao defender a instalação das fábricas de celulose da companhia finlandesa Botnia e da espanhola Ence.
Moradores e ambientalistas de Gualeguaychú, que consideram as fábricas "altamente poluentes", e mantêm bloqueada há oito dias a rota 136, que liga a cidades com a ponte General San Martín, uma das três passagens fronteiriças entre a Argentina e o Uruguai. O ministro afirmou que as fábricas possuem uma "tecnologia superior, amigável com o ambiente", supervisionada por "62 técnicos que trabalharam no relatório de impacto ambiental, que é ratificado por consultoras internacionais".
Igorra pediu que o projeto seja comparado com "fábricas similares no mundo amigáveis com o ambiente", mas destacou que a fábrica da Ría de Pontevedra na Espanha não pode ser usada como parâmetro porque foi "inaugurada há 45 anos pelo general Franco, com muita oposição". Segundo o ministro esta comparação é "patética", em referência às relações feitas nos últimos dias entre as fábricas do Uruguai e da Espanha, também da Ence.
Um grupo de ambientalistas espanhóis foi neste domingo ao consulado uruguaio em Vigo, na Espanha, para pedir a paralisação das obras das fábricas em Fray Bentos. O ministro uruguaio disse que é "correto" que o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, tenha assinado um decreto para que a polêmica entre os países seja levada ao Tribunal Internacional de Haia. "Estamos de acordo que seja seguido o caminho da ordem jurídica e da democracia", especificou.
A Assembléia Ambiental de Gualeguaychú recebeu na quinta-feira (09/02) à noite o apoio de Kirchner em sua campanha contra a instalação das fábricas. O Governo uruguaio continua firme em sua decisão de aprovar a construção das fábricas de celulose.
Os projetos da Botnia e da Ence representam um investimento de US$ 1,8 bilhão, os maiores recebidos pelo Uruguai em sua história, enquanto o Governo de Entre Ríos afirma que em 20 anos acumulará perdas de US$ 1,278 bilhão com lucro interrompido e dano ambiental.
(EFE, 11/02/06)
Link: noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/02/11/ult1809u7440.jhtm