Energia: bombas de calor ficam mais eficientes
2006-02-13
Chegam ao país modelos para aquecimento que retiram calor da terra e da água.
Sofisticados e mais eficientes, novos modelos e tecnologias de bombas de calor
estão desembarcando no Brasil, trazidas principalmente da Europa, onde superam o
uso da energia solar devido às condições climáticas daquele continente, com pouca
luminosidade durante os meses de inverno.
Por aqui são conhecidos os modelos que retiram do calor do ar a energia que é
utilizada no aquecimento de piscinas ou por empresas que consomem grandes
quantidades de água quente, como hotéis, clubes, hospitais e indústrias. Mas,
novos modelos de bombas que retiram o calor da terra ou da água, muito mais
eficientes, já estão sendo instaladas com sua vantagem de funcionar também à
noite ou em dias escuros, sendo bastante competitivas em relação a energia solar
já que a temperatura média no Brasil é muito mais elevada do que a da Europa.
A Thermacqua Ltda., de Curitiba, representante da empresa alemã Alpha InnoTec, uma
fabricante de bombas de calor que nasceu dentro da Siemens e é líder de mercado
na Suíça e Alemanha, está trazendo para o Brasil essa tecnologia cujo primeiro
modelo foi instalado para o aquecimento da piscina olímpica do Centro
Universitário Positivo (Unicenp) na capital paranaense. O trabalho está sendo
feito desde junho do ano passado, por duas bombas que retiram de um lago próximo,
a água com o calor necessário para mantê-la em cerca de 28ºC. Nestes seis meses
de operações, de acordo com o pró-reitor administrativo Arno Antônio Gnoatto, o
Unicenp reduziu em 80% os custos para manter a piscina aquecida, sem perder
eficiência.
A universidade tem planos de adotar o sistema em outra piscina menor e nos
chuveiros dos vestiários. Segundo o engenheiro Hans Gerhard Schorer, um dos
sócios da Thermacqua, e que por muito tempo foi diretor da Siemens no Brasil, a
bomba de calor substituiu o consumo de 12.700 metros cúbicos mensais de gás que
custavam R$ 16 mil/mês ao Unicenp. A bomba de calor, por sua vez, consome R$
2.000 mensais em energia elétrica para funcionar. "Num caso desses o equipamento
se paga em um ano", explica Shorer.
O engenheiro diz que o sistema alemão também pode ser utilizado em calefação ou
para aquecer a água de torneiras e chuveiros em residências. "Isso já acontece em
países europeus com bastante eficiência. Lá, o calor é retirado da própria terra,
com a instalação de dutos a mais de 2 metros abaixo do solo. Pelos estudos da
Thermacqua, neste caso o investimento necessário é de cerca de R$ 14 mil. "O
retorno financeiro vai depender do nível de consumo de cada família", conta.
"Mais de 60% das novas casas na Suíça, por exemplo, têm suas demandas de calor
cobertas por esse sistema", diz Hans Schorer.
A idéia deste tipo de equipamento não é propriamente nova. Há bombas de calor em
Frankfurt funcionando desde os anos 30. A melhor definição para o equipamento é
que ele funciona exatamente ao contrário de uma geladeira ou ar condicionado,
produzindo calor ao invés de frio, seguindo os princípios físicos da
termodinâmica descobertos por Sadi Carnot há mais de 150 anos.
Quando o gás, em um refrigerador elétrico, é forçado para o condensador produz
muito calor. Esse calor é liberado para o ar através do condensador, onde o gás
se liquefaz. Portanto, calor é "bombeado" do interior frio do refrigerador para a
cozinha onde está a temperatura mais alta. Num grande sistema de canos enterrados
no chão ou num poço de água, o líquido evapora-se, retirando o calor do chão; em
seguida, na casa, o gás condensa-se, dando calor ao ar. Um sistema circulante
impele o ar aquecido, retirando-o de junto do condensador, e fazendo-o circular
pela casa. Com a informática a idéia ganhou muito em precisão, conforto
desempenho. "As máquinas são totalmente automatizadas e podem ser programadas
para não funcionar em horários em que a energia elétrica tem maior preço", diz
Hans Schorer.
Segundo o engenheiro Ricardo Doetzer, outro sócio da empresa, o princípio do
funcionamento da bomba de calor instalado no Unicenp é que dentro do sistema
circula um gás para refrigeração, responsável pelas trocas de calor. "Esse gás é
resfriado por um compressor elétrico. Bombeamos a água do lago, mais quente, até
a máquina, onde ela entra em contato com ele e eleva sua temperatura", explica.
"Na outra ponta, o gás (agora aquecido) troca calor com a água da piscina pelo
contato de ambos com trocadores de calor com suas placas bem finas em forma de
colméia," acrescenta. A economia varia conforme os detalhes de cada projeto mas,
pelos estudos da empresa, na pior hipótese chega a 60%.
(GM, 13/02/06)