Santa Catarina: Belas praias, hábitos feios
2006-02-13
BALNEÁRIO CAMBORIÚ - Garrafa pet, casca de coco, cotonete sujo, sapato velho. Ao final de um dia inteiro de sol, o lixo deixado na areia da praia beira o improvável, o bizarro. É preciso muita criatividade - ou falta de higiene - para deixar repousando sobre a restinga que protege a praia itens como cuecas, lâminas de barbear, absorventes femininos usados, na maior parte das vezes, a poucos metros de uma lixeira.
Variedade é o que não falta no lixo encontrado nas principais praias do Litoral neste verão. Em alguns dos balneários visitados pelo Santa, as poucas lixeiras existentes não suportam a demanda de dejetos produzidos pelos banhistas que lotam a areia. Em outras, os cestos são simplesmente ignorados pelos banhistas. Na praia de Armação, em Penha, as lixeiras são tão raras que é preciso caminhar vários metros a fio entre uma e outra.
O mesmo ocorre em Mariscal, uma das mais conhecidas praias de Bombinhas. Ali, banhistas costumam ignorar placas de sinalização da restinga para fazer churrasco e deixar o lixo resultante no local.
- Costumamos alertar o turista para não ficar ali e nem jogar lixo. Mas tem gente que não está nem aí. Já encontrei até seringa usada na beira da praia - conta o salva-vidas civil Clóvis Antídio da Silva, que atua no posto central de Mariscal.
Abundância de lixeiras, no entanto, não é sinônimo de praia limpa. Em Balneário Camboriú, as mais de 280 lixeiras espalhadas por quase sete quilômetros de orla não são suficientes para impedir que copos plásticos, palitos mastigados de picolé, embalagens vazias de protetor solar e até uma lâmina de barbear fossem deixados na Praia Central em um sábado à tarde.
No cordão de dunas que cerca a praia de Taquaras, uma cueca suja decorava uma das passagens dos banhistas até a areia.
- A gente costuma juntar bastante coisa no fim do dia, principalmente sabugo de milho, chepa de cigarro e palitinho de picolé - confirma o gari de praia João Maria Fernandes da Silva, 49 anos. (Jornal Santa, 12/2)