Indígenas do Peru, Equador e Bolívia acusam Petrobras por danos socioambientais
2006-02-13
Indígenas do Peru, Equador e Bolívia acusam a Petrobras de poluir o meio ambiente e desestruturar seu modo de vida, por meio da extração, refino e transporte de petróleo próximo a seus territórios. "Todos os povos que vivem em áreas onde há exploração de petroleiras dão o mesmo depoimento, nunca positivo", disse à Agência Brasil Antenor Karitiano, líder indígena de Rondônia. "Eles falam sobre o estrago do rio, sobre a poluição das matas e das plantações".
Antenor é presidente do Centro de Cultura Indígena, uma organização da sociedade civil que trabalha com a valorização cultural das 38 etnias que vivem em Rondônia. Em dezembro do ano passado, ele participou do Encontro de Articulação Pan Amazônica, que reuniu em Quito (Equador) cerca de 30 indígenas daquele país, além de representantes da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil. O evento foi promovido por três organizações não-governamentais (Oilwatch, Action Aid e Rede Brasileira de Justiça Ambiental), que tinha como objetivo reunir indígenas que sofrem as agressões socioambientais da indústria petrolífera.
No relatório final do encontro, a Petrobras é citada com uma das empresas que mais ameaçam os indígenas do Equador, do Peru e da Bolívia. A contaminação do solo e da água são as queixas mais freqüentes apontadas no documento. Uma das organizadoras da reunião foi a técnica da Fase - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, Julianna Malerba. A entidade sedia o escritório da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, criada em 2001, atualmente com cerca de 80 entidades participantes.
Julianna contou que o grupo visitou comunidades de agricultores e do povo Quéchua, no interior do Equador, onde atuam as empresas Repsol (espanhola) e a Petro Ecuador (equatoriana). "O povo que nós visitamos não tomava mais banho no rio, por causa de derramamento de óleo. Eles tinham que comprar água para a comunidade", conta Karitiano.
(Agência Brasil, 10/02/06)