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2006-02-13
Hoje, 13 de fevereiro, foi a data escolhida para um protesto mundial contra a indústria de peles da China, considerada por entidades de proteção aos animais como uma das mais cruéis do mundo. As manifestações vão acontecer simultaneamente em 24 cidades de 19 países, defronte aos respectivos consulados e embaixadas chineses. No Brasil, estão agendadas em São Paulo (rua Estados Unidos, 1071, Jardim América) e no Rio de Janeiro (rua Muniz Barreto, 715 – Botafogo), respectivamente às 9h e às 11h. Os potenciais manifestantes estão sendo convidados a comparecerem vestidos de preto e portando faixas e/ou cartazes que disseminem a mensagem contrária a esse sacrifício.

Os seres humanos incluíram as peles de animais no próprio vestuário já na pré-história, como única maneira, à época, de se protegerem do frio. Hoje, com toda a tecnologia envolvida na indústria têxtil, que produz inclusive peles sintéticas consideradas perfeitas, muitos ambientalistas defendem ser totalmente desnecessário o uso de um material que vitima a fauna, muitas vezes com requintes de crueldade.

Em tese, a venda de peles de cães e gatos pelos chineses não seria diferente do comércio de couro bovino praticado no Brasil, já que lá estes animais são consumidos à mesa, tradicionalmente. Mas, segundo Fábio Paiva, líder do grupo Pelo fim do Holocausto Animal - um dos organizadores do protesto de segunda -, os cães e gatos que são mortos para consumo alimentar não são os mesmos destinados à indústria de peles.

“Peles de animais estão sendo combatidas no mundo todo pois envolvem muito sofrimento animal; se questiona a crueldade dos métodos de criação, confinamento e matança para suprir um mercado absolutamente fútil e sem propósito nos dias de hoje”, diz ele que, vegetariano convicto, não faz diferença entre bois, porcos, galinhas, cachorros e gatos. “Cada povo tem o seu costume”, coloca Fábio, explicando que as manifestações são contra a crueldade praticada pelos chineses, hoje observada no mundo todo por intermédio dos vídeos amplamente divulgados na internet. Em um deles, um pastor alemão é morto barbaramente e sua pele começa a ser retirada quando ele ainda está agonizando. A cena é chocante. (Se tiver estômago para assistir, entre no site da ONG internacional Sirius, clique na janela do alto à esquerda – "Cruelty in China” e, depois, em “vídeo”.

“Até em matadouros existem regras de abate onde se visa o menor sofrimento possível para o animal e, na China, nâo existe nenhuma legislação sobre abate”, informa Fábio. A julgar pelo material que se pode visualizar em alguns sites de ONGs voltadas à proteção dos animais (confira links no final da matéria), a barbárie de fato permeia esse comércio. Cães e gatos são confinados aos montes em gaiolas pequenas, jogadas de qualquer jeito nas ruas, onde pessoas matam os animais aparentemente sem se dar conta de que tais seres também sentem dor – e decerto naquele momento a sentem, muita.

Os defensores da causa ganharam um adepto de peso. O ex-Beatle Paul McCartney passou a propor um boicote aos produtos fabricados na China, depois de assistir a um vídeo gravado secretamente na cidade de Cantão. Ele declarou também que nunca mais vai se apresentar na China. "Nem sonharia em ir lá para tocar, do mesmo jeito que não iria a um país que apoiasse o apartheid. Isso é nojento. É contra todas as regras da humanidade”, disse o cantor à ONG Pessoas para o Tratamento Ético dos Animais (Peta, na sigla em inglês). Sua esposa, Heather, também protesta contra o comércio de peles da China em seu site (www.heathermillsmccartney.com).

Entre coelhos, minks, martas, cães, gatos e outros, são mortos cerca de 40 milhões de animais por ano para a retirada de suas peles. O mercado viceja porque há consumidores. Segundo reportagem do jornal inglês The Independent, a compradora típica de peles é a mulher de 30 e poucos anos que "despreza o discurso da correção política".
(Mônica Pinto / AmbienteBrasil, 10/02/06)

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