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2006-02-13
Equipamento de baixo custo possibilita o tratamento da água contamina por pesticidas e tem como principal nicho de mercado as packing houses – empresas de exportação – que lavam, selecionam e embalam frutas, verduras e legumes que vão para o exterior.

Cinco anos de pesquisa e investimentos em equipamentos de R$ 50 mil foram suficientes para o desenvolvimento de um fotorreator para tratamento de resíduos químicos em água, gerados em laboratórios, institutos de pesquisa e pequenas empresas. O Fotorreator, de pequenas dimensões, baixo custo e fácil manutenção, está sendo lançado no Show Rural Coopavel e já tem data prevista para estar no mercado: no máximo em um ano. Quem assegura é o futuro empresário, o físico José Roberto Garbin, diretor-proprietário da Natureza Ativa, empresa de base tecnológica criada para fabricar e comercializar o aparelho.

O fotorreator, desenvolvido pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, permite rápida adaptação para uso em tratamento de grandes quantidades de água contendo resíduos de pesticidas, porque pode ser instalado diretamente no reservatório de água. Garbin aponta como principal nicho de mercado as packing houses – empresas de exportação – que lavam, selecionam e embalam frutas, verduras e legumes que vão para o exterior.

O tratamento dos resíduos é feito pelo processo de fotólise, no qual lâmpadas capazes de gerar radiação na faixa do Ultravioleta-visível bombardeiam a solução inserida dentro de uma câmara cilíndrica feita em aço inoxidável, levando a fotodegradação de restos de pesticidas presentes na água. Fora da câmara, um reservatório de 10 litros abastece o sistema e uma pequena bomba d’água faz com que a solução circule pelo fotorreator-reservatório numa vazão de até 50 litros por hora.

O físico explica que a radiação ultravioleta tem energia para quebrar sucessivamente as ligações químicas das moléculas de pesticidas, transformando o resíduo inicial em CO2 e H2O, ao contrário dos métodos tradicionais, cloração e filtração, que geram subprodutos e são, em geral, ineficientes para resíduos de pesticidas. O equipamento ainda tem outras vantagens, como o fato de ser compacto, silencioso, baixo investimento, usar catalisador que acelera o processo de fotodegradação dos pesticidas, utilização 24 horas por dia e também em circuito fechado, para processo contínuo.

Além das packing houses, o fotorreator deverá ser usado por empresas de reciclagem de embalagens de defensivos agrícolas, laboratórios de pesquisas públicos e privados, cooperativas agrícolas e eventualmente por departamentos municipais e estaduais de tratamento de água e esgotos.

Para o coordenador da pesquisa e chefe-geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Ladislau Martin Neto, o fotorreator pode reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte de soluções contendo resíduos de pesticidas, considerando que os resultados obtidos até agora mostraram que o aparelho tem potencial para diminuir em até 100% a fotodegradação de agroquímicos na água.

Martin Neto lembra que o acúmulo de substâncias químicas intensificou a partir da década de 70, quando o aumento das atividades agrícola e industrial mudou as fontes de poluição do planeta. Os resíduos de pesticidas e fertilizantes agrícolas são a mais recente e preocupante forma de contaminação de água. O Brasil é um dos maiores consumidores de pesticidas, movimentando mais de 2,5 bilhões de dólares ao ano e com consumo superior a 140 mil toneladas em ingredientes ativos.
(Embrapa Instrumentação Agropecuária, 10/02/06)

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