Seca pode provocar grave crise no Quênia
2006-02-10
Quase 3,5 milhões de quenianos estão ameaçados pela fome por causa da seca que afeta esta região da África oriental há dois anos, advertiram nesta quarta-feira em Nairóbi a ONU e o governo do Quênia, que pode enfrentar a pior crise desde sua independência, em 1963.
Segundo uma estimativa de agências da ONU, o número de quenianos que precisam de ajuda para escapar da fome chega a 3,5 milhões, contra os 2,5 milhões calculados anteriormente. "Muitos quenianos já vivem à beira da fome e, a menos que tenhamos uma resposta imediata dos doadores, se teme o pior", declarou em uma reunião de doadores na capital queniana o diretor do Programa de Alimentos Mundial (PAM) no Quênia, Tesema Negash.
"As chuvas têm sido escassas e, para salvar vidas nos próximos meses, precisamos do envio imediato de dinheiro e alimentos", acrescentou.
Sem doações imediatas, as reservas de alimentos destinadas a ajudar a população ameaçada chegarão ao fim em março, segundo o PAM.
"Quase 3,5 milhões de trabalhadores rurais, entre eles 500.000 crianças em idade escolar, estão ameaçados e precisam de ajuda urgente", declarou o ministro queniano de programas especiais, John Munyes, que calculou as necessidades do país em mais de 230 milhões de dólares.
Pelo menos 40 pessoas morreram desde dezembro em conseqüência da seca, principalmente nas regiões áridas do nordeste do país, onde a população de fazendeiros nômades foi dizimada pela sede e fome.
O surgimento de vários casos de meningite, doença que já provocou de 12 a 30 mortes, também foi destacada pelo ministério queniano da Saúde, que teme uma epidemia.
O Quênia é um dos quatro países da África oriental, ao lado de Somália, Djibuti e Etiópia, mais afetados pela seca que castiga a região há dois anos - cinco em algumas áreas - e que ameaça milhões de pessoas.
"Está claro que se os doadores não responderem rapidamente ao pedido da ONU, a situação, já crítica, será muito pior", anuncia um comunicado da organização não governamental britânica Oxfam.
A última crise alimentar no Quênia começou em março de 2000 e seguiu até outubro de 2002. No pior momento da tragédia, em 2001, 4,1 milhões de pessoas precisaram de ajuda alimentar.
(AFP, 08/02/06)
Link: noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/02/08/ult34u147309.jhtm