MONSANTO E A GUERRA DAS DROGAS NA COLÔMBIA
2001-09-24
Um senador dos EUA e outros funcionários governamentais de Washington e Bogotá se encontraram em uma montanha colombiana, acima de campos de coca - planta sagrada dos índios da região andina e também fonte da problemática cocaína. O grupo esperava uma demonstração da pulverização aérea de um herbicida, parte da guerra das drogas dos EUA na Colômbia. O espetáculo, preparado pela embaixada dos EUA em Bogotá em dezembro do ano passado, deveria dissolver as dúvidas do senador Paul Wellstone sobre a precisão e a segurança do programa de fumigação feito pelos EUA. Wellstone, um democrata de Minnesota, é um crítico da ajuda militar na Colômbia e a demonstração teria que ser perfeita, para conquistá-lo sobre o uso dos herbicidas pulverizados. Na noite anterior, funcionários dos EUA haviam assegurado ao senador que a pulverização se concentraria sobre os campos de coca, sem danificar os cultivos de alimentos. - Disseram que utilizavam imagens de satélites, que podiam atingir alvos muito precisos sem nenhum perigo para os cultivos vizinhos, disse Jim Farrell, porta voz de Wellstone. No entanto, o resultado não foi este. - Na primeira passada do avião pulverizador, o senador, o embaixador dos EUA na Colômbia, o tenente coronel da Polícia Nacional Colombiana e outros membros da Embaixada e do Congresso foram totalmente empapados com o pegajoso e perigoso (herbicida) Roundup. - Imaginem o que acontece quando não está presente uma delegação parlamentar de alto nível?, perguntou Farrell, mostrando que a demonstração aérea havia sido cuidadosamente preparada. Os Estados Unidos já disseminaram, durante a guerra contra as drogas na Colômbia, toneladas de Roundup e Roundup Ultra, produzidos pela gigante multinacional dos produtos químicos e da biotecnologia, Monsanto. O uso destes herbicidas produziu contínuas queixas devido a problemas com a saúde dos agricultores colombianos. Essas queixas têm sido ignoradas por funcionários governamentais em Washington e pelas autoridades corporativas da Monsanto. Um mês antes que Wellstone fosse banhado com Roundup, dirigentes indígenas colombianos visitaram o Congresso para expressar sua posição contra a fumigação. - Os doze povos indígenas estiveram sofrendo sob esta praga, como se fosse um decreto governamental para exterminar nossa cultura e nossa própria sobrevivência, disse José Francisco Tenorio, o único dirigente que não temeu usar seu nome real. - Nossos cultivos legais, nosso único sustento - mandioca, banana, palmas, cana de açúcar e milho - foram fumigados. Nossas fontes de água, rios, lagos foram envenenados, exterminando nossos peixes e outros seres vivos. Atualmente, a fome é o único pão nosso de cada dia. Em nome dos índios amazônicos, solicito que as fumigações sejam detidas imediatamente. Até agora, os pedidos de Tenorio não foram escutados. No verão passado, o Congresso aprovou US$ 1,3 bilhão para o Plano Colômbia, para realizar ali a guerra das drogas.