Europeus estão preocupados com liderança brasileira em biocombustíveis
2006-02-10
O comissário europeu do Desenvolvimento, Louis Michel, defendeu quarta-feira (08/02) a
necessidade de impulsionar políticas para combater a liderança do Brasil na
produção de biocombustível - obtido de matérias-primas agrícolas -, e
especialmente para que os países menos avançados possam competir nesse setor.
A Comissão Européia (CE, órgão executivo da União Européia), que apresentou
medidas para incrementar o uso do biocombustível, citou o Brasil como exemplo de
país que desenvolveu um setor forte na obtenção este tipo de combustível,
concretamente de etanol obtido da cana de açúcar.
Michel disse que o Brasil representou uma "desvantagem" grave no desenvolvimento
deste tipo de produto em países menos avançados, como por exemplo nas Ilhas
Maurício, porque neste último tentou impulsionar o bioetanol e "não consegue
competir com o brasileiro, que tem vantagens competitivas enormes".
Neste setor, explicou o comissário europeu, dentro dos países em vias de
desenvolvimento, é preciso distinguir entre os caribenhos, que podem competir, e
os africanos, que têm problemas no momento de comercializar esses biocombustíveis,
como em relação aos custos de transporte por exemplo.
O comissário disse que no setor do etanol, o Brasil é um exemplo "típico" de
potência regional que pode colocar obstáculos a esta indústria em Estados menos
desenvolvidos. "Não é uma crítica ao Brasil que faz o que deve, mas nós devemos
considerar isso em nossas políticas", acrescentou o comissário.
As medidas apresentadas pela CE incluem a potencialização de matéria-prima
agrícola para biocombustível, tanto na UE como nos países ACP (África, Caribe e
Pacífico). Os produtores de açúcar europeus e da ACP se sentem afetados pela
reforma deste setor na UE.
UBS lança Indice
O UBS AG, maior banco da Europa em termos de ativos, e a administradora de fundos
suíça Diapason Commodities Management SA pretendem lançar este mês o primeiro
índice atrelado aos preços dos biocombustíveis. O Índice Mundial de
Biocombustíveis UBS Diapason terá como base os preços dos contratos futuros das
commodities empregadas para produzir etanol e biodiesel, informou o UBS, em
Zurique, na Suiça.
Os governos do mundo todo querem intensificar o emprego de biocombustíveis para
reduzir sua dependência em relação aos combustíveis fósseis e ajudar a diminuir
as emissões causadas pela combustão desse tipo de produto, que produz a maior
parte dos gases geradores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.
O Índice UBS Diapason será divulgado em dólares norte-americanos, euros, francos
suíços e ienes japoneses, disse o banco.
(EFE e Bloomberg News, 09/02/06)