Projeto CTSul recebe Licença Prévia da Fepam
2006-02-09
A usina termelétrica a carvão CTSul recebeu ontem (8/02) a Licença Prévia (LP) da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), tornando-se apta a participar do próximo leilão de energia, programado para abril. “Este é um dia histórico para toda a região de Cachoeira do Sul”, diz o secretário estadual de Energia, Minas e Comunicações, Valdir Andres. O documento foi entregue pela engenheira química Carmen Níquel — responsável pela equipe de 10 profissionais da Fepam — ao presidente da Celetro (cooperativa de eletrificação distribuidora de energia e sócia do projeto), José Benemídio Almeida, e o presidente da CTSul, Douglas Carstens, na Secretaria de Energia, Minas e Comunicações (Semc).
Conforme Andres, o empreendimento receberá investimentos de US$ 892 milhões. Os recursos necessários já foram garantidos junto à estatal chinesa responsável pelo projeto CTSul, a China National Machinery & Equipament Import & Export Corporation (CMEC), que inclusive já contratou a empresa Camargo Corrêa para fazer a construção da usina. A CT Sul é formada por DMC Desenvolvimento e Participação Ltda. e a EBM (Empresa Brasileira de Mineração).
“Agora é só entrar no leilão e vender a energia que será produzida”, ressalta Andres. Segundo Carstens, o próximo leilão será mais competitivo que o anterior (onde Jacuí 1 e Candiota 3 tiveram seus projetos viabilizados), com valores um pouco inferiores. “Mesmo assim, estamos bastante otimistas na comercialização da energia da usina”, diz ele.
O Governo do Estado será parceiro do projeto CT Sul, por meio do fornecimento de matéria-prima, via Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que possui jazidas de carvão na região onde a termelétrica deverá ser construída, próximo da BR-290, na localidade do Piquiri. A usina terá capacidade para gerar 650 MW de energia, suficiente para abastecer toda a Grande Porto Alegre. Segundo informa o site da Celetro, esta quantidade de energia é suficiente para atender todo o mercado das 122 cooperativas brasileiras, e é 3 vezes maior do que necessita o sistema cooperativista gaúcho de eletrificação rural (de 220.000 kW). Serão criados 1,2 mil empregos diretos durante os 36 meses de construção da obra, mais 800 vagas permanentes quando a usina entrar em atividade.
Andres lembra que o projeto CTSul é altamente viável e competitivo, pois não precisa de subsídios do Governo Federal. O secretário salienta que o projeto é baseado em uma tecnologia moderna, que não agride o meio ambiente, obtendo a energia através da queima limpa do carvão. “Os estudos foram realizados com toda a qualidade e profundidade necessárias”, disse Carmen Níquel.
O presidente da Celetro era um dos mais entusiasmados na entrega da LP. “Hoje o empreendimento nasceu. A LP nos dá condições de dar continuidade de efetivar o projeto. A região precisa de um projeto dessa natureza para crescer e desenvolver”, declarou.
Carstens , por sua vez, disse que o Projeto CTSul vai modificar todo perfil de emprego em Cachoeira do Sul, incrementando a economia local e regional com a utilização dos subprodutos do carvão, tais como cinza, gesso, entre outros. “Esperamos ainda explorar outros recursos minerais, como o calcário, atraindo a indústria cerâmica para o município”, revela, acrescentando que dois investidores europeus estão em adiantadas negociações para ingressar em outros ramos de atividade, além da geração de energia na região.
(Informações da Secretaria de Energia, Minas e Comunicações)
A forma da CTSul segundo a Licença Prévia
. Sistema de abastecimento de carvão, com área para recepção, britagem, armazenamento e
alimentação das caldeiras
. Usina térmica com duas caldeiras e conjunto de turbinas, geradores e transformadores
. Transporte de carvão por esteira
. Sistema de alta tensão
. Subestação de energia de alta tensão
. Sistema elétrico auxiliar
. Sistema de geração
. Armazenamento de calcário
. Armazenamento de óleo combustível
. Armazenamento de produtos químicos
. Sistema de adução de água
. Sistema de tratamento de águas
. Estações de tratamento de efluentes, sanitários e industriais
. Armazenamento temporário de resíduos sólidos
. Tratamento e controle de sólidos de emissões atmosféricas principais, com precipitador eletrostático, unidade de dessulfuração dos gases e chaminé
Jazidas próximas não estão licenciadas
As três jazidas de carvão e duas de calcário que estão mais próximas da área da usina não estão licenciadas para serem exploradas. Além disso, a Licença de Instalação da usina CTSul irá depender de projetos técnicos que tratam detalhadamente diferentes pontos do complexo. Um dos exemplos é o projeto para captação e construção da adutora de água do Rio Jacuí. Neste documento, deverão ser listadas ações para minimizar os impactos da obra, prevendo ainda medidas rotineiras de inspeção e manutenção dos 33,3 mil metros de tubos que irão ligar o rio até o sistema hidráulico da termelétrica. A vazão máxima de consumo de água da usina poderá chegar a 2,4 mil metros cúbicos (cada metro cúbico é o mesmo que mil litros).
(Giuliano Fernandes/Jornal do Povo, 09/02/06)