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2006-02-09
Tomar um simples banho sempre foi uma tarefa difícil na casa da safreira Roseli Vargas, 30 anos, moradora do Bairro Glória. O problema era a falta de um banheiro com chuveiro, água encanada, vaso sanitário e pia. Como ela, pelo menos outras 206 famílias santa-cruzenses sofrem com a falta de saneamento básico em suas casas. A maioria é moradora dos bairros da Zona Sul, mas no interior isso também acontece, conforme apontou um levantamento do Conselho Municipal de Saúde no ano passado.

Situações como essas devem ser resolvidas pelo mutirão desenvolvido desde a semana passada pela Secretaria Municipal de Habitação e os moradores. O material para erguer os sanitários é doado pelo município, que também oferece acompanhamento das obras. O trabalho é feito pelas pessoas beneficiadas. O custo médio de cada obra fica em torno dos R$ 650.

E os primeiros resultados já começaram a aparecer. Na rua Lino Manoel dos Santos, no Glória, pelo menos 15 módulos estão em fase de acabamento. Um deles fica na casa do safreiro Eder Fontoura, 26. Casado com Roselaine e pai de três filhos ele colocou a mão na massa para garantir maior conforto para a família. “Banho tinha que ser de mangueira ou em bacia. Agora vamos ter um chuveiro”, comemorou, enquanto assentava os tijolos.

Um dos principais benefícios do projeto, de acordo com o secretário Mattheus Swarowsky, é a prevenção de doenças causadas pela falta de saneamento. Segundo ele, havia famílias que ainda utilizavam latrinas em suas casas. “A falta de saneamento colocava em risco principalmente as crianças”, alertou. O secretário contou ainda que algumas famílias não tinham nem mesmo onde fazer suas necessidades e recorriam a uma alternativa nada convencional: usavam sacolas plásticas ou latas e depois jogavam os dejetos no lixo.

Porém, o problema poderia estar resolvido há mais tempo. No ano passado o Conselho de Saúde e a Prefeitura firmaram convênio com o Programa de Saneamento (Prosan), desenvolvido pela Secretaria Estadual da Saúde. Pela proposta o material de construção, composto por chapas de concreto, seria oferecido pelo governo e as obras ficariam a cargo do município.

Mas por determinação do secretário Osmar Terra, o Prosan deixou de fabricar as estruturas modulares, o que acabou impedindo a instalação de 15 mil unidades em todo o Rio Grande do Sul. “Por isso tomamos a iniciativa de formar os mutirões”, justificou Swarowsky. O chefe administrativo do programa, Luis Feijó, disse ontem que não há previsão de reinício dos trabalhos.
(Gazeta do Sul, 09/02/06)

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