REUNIÃO SOBRE CÓDIGO FLORESTAL ACABA EM TUMULTO NO CONGRESSO
2001-09-24
Na sessão da última Quarta-feira(19/09), realizada no Congresso Nacional para debater a proposta de Zoneamento Econômico-Ecológico, a bancada ruralista após defender o desmatamento de 100% da cobertura vegetal em terras agricultáveis, protagonizou um confronto contra representantes de ONGs ambientalistas. O que prometia ser uma reunião de consenso acabou terminando em tumulto. Por volta das 16h, teve início a segunda reunião organizada pelo líder do governo na Câmara, deputado Arthur Virgílio, na tentativa de chegar a um acordo entre ruralistas, governo e ambientalistas, em torno do Código Florestal (CF). Na pauta, a discussão sobre a flexibilização de percentuais de reserva legal - área de vegetação nativa que não pode ser desmatada - estipulados pelo CF, por meio do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE). A proposta defendida pelo Ministério do Meio Ambiente é que os percentuais do CF devem ser considerados em conjunto, por bioma. Ou seja, as áreas de floresta na Amazônia devem manter 80% de reserva legal, as de cerrado 35% e, nos demais biomas, a reserva seria de 20%. Já a proposta apresentada pelos ruralistas é de que o ZEE deve ser feito por propriedade, permitindo a supressão de até 100% de sua cobertura vegetal, uma vez comprovada a aptidão agrícola da terra. Como representante da coalização de 300 ONGs da Campanha SOS Florestas, o advogado André Lima, do Instituto Socioambiental, apresentou argumentos contra a proposta dos ruralistas, afirmando que a sociedade não iria admitir uma lei permitindo o desmatamento de 100% em propriedades na Amazônia. Nesse momento, o deputado federal Ronaldo Caiado (PFL-GO) se insurgiu em tom grosseiro, dizendo que o advogado André Lima não poderia falar em nome da sociedade, pois a coalizão de ONGs não representavam a população. - Quem representa a população sou eu, que fui eleito com 104 mil votos, afirmou Caiado. Aos berros, o deputado continuou dizendo que não mais participaria de discussões com as ONGs e que as próximas reuniões deveriam ser restritas aos parlamentares. Outro ambientalista presente à sessão exigiu que o deputado mantivesse o respeito em relação aos presentes. Ato contínuo, Ronaldo Caiado começou a xingá-lo com palavras de baixíssimo calão, no que foi seguido pelo deputado Abelardo Lupion (PFL-PR). Caiado terminou dizendo ao ambientalista, que o esperaria - lá fora - para resolver a questão. Após a confusão, a reunião foi cancelada e transferida para a próxima terça-feira (25/09). (Instituto Sócioambiental)