Centro de Santa Maria está mais quieto e mais limpo
2006-02-08
Quem passou pelo Calçadão e pelas ruas centrais de Santa Maria nos últimos dias
já deve ter percebido que o Centro está de visual novo: menos poluído e mais
silencioso. As lojas trocaram os microfones e as caixas de som, que antes
anunciavam mercadorias, pelo discreto som ambiental de aparelhos sintonizados nas
rádios. Até a música usada por alguns caminhões de gás foi cortada. Os panfletos
também sumiram do mapa, deixando o chão mais limpo.
Esse sossego todo não surgiu por acaso. No dia 20 de janeiro, a prefeitura baixou
dois decretos regulamentando a fiscalização e o uso do espaço público. A lei que
proíbe todo tipo de propaganda visual e sonora em praças, oito avenidas e 35 ruas
da cidade já mostra alguns resultados.
Na tarde de ontem, uma equipe do Diário percorreu por duas horas o Calçadão, ruas
e praças centrais. A única propaganda que se escutava vinha do comércio informal.
Eram os vendedores de sucos e de brinquedos tentando ganhar clientes no grito.
Propaganda visual só mesmo os cartazes que continuam sendo colados em postes e em
outros locais proibidos. No geral, a impressão que se tem é que muitos
comerciantes já se adequaram às novas regras. Motivo para isso eles têm de sobra,
porque a fiscalização prevê multas que podem ir de R$ 85,39 a mais de R$ 3 mil.
Depois de receber pelo Correio, no dia 18 de janeiro, uma multa de R$ 354 por
fazer propaganda de maneira incorreta, a Mais Econômica Farmácias, na Acampamento,
teve de achar um jeito diferente para anunciar seus produtos. Os três promotores
de vendas do local não abordam mais as pessoas na calçada. Agora eles só ficam
dentro da Mais Econômica falando o nome da farmácia e batendo palmas.
- Tive de entrar no esquema para não perder o emprego. Não grito mais, só falo e
convido para entrar - explicou Geovane Santos, 25 anos.
O gerente Fábio Pedroso, 29 anos, disse que o funcionário que ficava fantasiado
de Chapolin Colorado atraindo clientes teve que ser transferido para uma filial
na Capital, onde pode trabalhar sem ter problemas com a lei. Pedroso criticou a
proibição:
- O comércio está indignado. Aqui houve uma redução de 5% no número de clientes.
Os decretos tiraram nossa liberdade para fazer divulgação.
(Diário de Santa
Maria, 08/02/06)