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2006-02-08
Entre o Brasil e o Uruguai, pelo Rio Jaguarão, transita a prática da pesca ilegal. Até o segundo semestre do ano passado, amadores que portassem um documento especial podiam usar redes. Essa licença, chamada de carteirinha amarela, foi abolida. Agora só são permitidos aos turistas os velhos caniços, com linha e anzol. Não é o que acontece em Jaguarão.

Nos finais de semana, grupos de pescadores ilegais montam acampamento a poucos quilômetros da sede da cidade, antes de o rio chegar à Lagoa Mirim.

Com caminhonetes, lanchas potentes, redes, barracas e até caminhões-baú, os ilegais atuam indiscriminadamente. Para desespero dos pescadores profissionais que vivem da atividade, na colônia Z-25 de Jaguarão.

- Não dá mais peixe na Lagoa Mirim. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) só fiscaliza a gente, mas com os turistas não acontece nada. A carteirinha amarela finalmente acabou, mas não adiantou - afirmou Reginaldo Dias, 28 anos.

Com o conhecimento de quem desliza do Jaguarão à Lagoa Mirim desde os dois anos, Dias compara os resultados de hoje e a pesca de anos atrás. Normalmente, ele retirava entre sábado e domingo cerca de 800 quilos de peixe. No último final de semana, foram menos de 200 quilos de pintados e traíras, raras corvinas e quase nenhum peixe-rei.

- Eles atacam os peixes antes de eles chegarem à barra da Lagoa Mirim. De que adianta a piracema então? - perguntou.

Os pescadores profissionais permanecem de novembro a janeiro parados, todos os anos, devido à piracema - período de proteção das espécies para a procriação. Em fevereiro, eles retomam as atividades, e precisam competir com os pescadores ilegais.
(ZH, 08/02/06)

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