Zona Sul do Estado em estado de alerta com a falta de água
2006-02-08
"A água acaba às 11h da manhã e volta só lá pela 1h da manhã. Não posso lavar a louça, limpar a casa e tenho que esperar até a madrugada para tomar um banho e dormir.” O relato é da moradora do Bairro Glória de Santa Cruz do Sul, Renata Fischborn, apenas uma das tantas prejudicadas pelo problema cada vez mais crônico da falta d’água na Zona Sul.
No último fim de semana, a situação chegou ao ponto crítico de a Prefeitura ter que usar caminhões-pipa para abastecer as famílias do Glória, Cristal e Dona Carlota. A Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos instalou três reservatórios para que os moradores pudessem buscar água, no Hospitalzinho, Escola Nossa Senhora da Esperança e Comunidade São João Evangelista.
Ao todo, o caminhão-pipa transportou oito cargas para encher os tanques. Também esteve em residências, onde encheu caixas d’água. “A gente está buscando água com balde em pleno 2006. Quando a gente pensava que as coisas iriam melhorar com o tempo, nos enganamos”, completou Renata.
Dona Vera Lúcia Schmidt, safreira, também cansou de encontrar as torneiras secas nas últimas semanas. De manhã até a madrugada. “Nesses dias mais quentes, é horrível. A roupa ainda dá para deixar sem lavar, mas cozinhar e tomar banho, não. A gente tem que recorrer a vizinhos que têm caixa d’água. Mas isso também acaba.”
O secretário de Transportes e Serviços Públicos, Ari Schwerz, entende que o problema se agravou de forma extrema nos últimos dias. “É uma coisa que a Corsan deveria resolver, mas a Prefeitura não ficou de braços cruzados. Tentamos ao menos amenizar, levando água até as famílias afetadas”, disse. “A situação é realmente muito difícil. É desumano.” Para Schwerz, a expectativa é de que a Corsan acelere os investimentos na Zona Sul. “Isso não pode se estender por muito tempo. Senão, não sabemos o que pode acontecer.”
(Gazeta do Sul, 08/02/06)