Grupos de índios trancam rodovias em protesto contra demarcações
2006-02-07
Um grupo de 50 índios caingangues da Reserva da Serrinha - situada entre
os municípios de Três Palmeiras, Ronda Alta, Constantina e Engenho Velho
- bloqueou ontem (06/02) à tarde a RS-324 na altura do km 297, no distrito de
Alto Alegre. A interrupção foi parcial e se estendeu até as 20h, com
interrupções do trânsito por quatro horas, com uma hora de liberação da
via. Segundo líderes do ato, o protesto tem como objetivo a indenização,
pelo governo do Estado, de cem famílias de agricultores que residem no
local.
Há cerca de dez dias, essas famílias também realizaram manifestação na
rodovia, cobrando do Executivo a efetivação do pagamento de três áreas
de terra, já escrituradas, que serão destinadas ao assentamento de dez
produtores que precisam deixar suas propriedades devido à demarcação da
reserva.
O bloqueio deve prosseguir hoje (07/02), com menor intervalo de tempo de pista
livre. Os índios deram um prazo até amanhã (08/02) para que o governo do Estado
tome uma providência. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Palmeira
das Missões está monitorando o local e orientando os motoristas a
tomarem um desvio, que aumenta em 13 quilômetros o trajeto, para retorno
à via bloqueada.
Caingangues do acampamento Passo Grande da Forquilha, em Sananduva,
decidiram ontem pressionar a Funai para agilizar o resultado do laudo
referente a estudos antropológicos realizados na área em 2005. Eles
bloquearam a RS 343 na altura do km 46, entre os municípios de Sananduva
e Cacique Doble. A passagem dos veículos era liberada a cada uma hora.
Enquanto isso, outro grupo, de aproximadamente 30 índios, viajou até
Passo Fundo e ocupou a sede da Funai.
Segundo o administrador regional da fundação, Neri Ribeiro, o documento,
que permitirá saber se a área pertenceu a antepassados do grupo, foi
encaminhado ao Departamento de Assuntos Fundiários da Funai em dezembro.
A área tem mil hectares e é ocupada por 70 famílias de brancos. Os 215
caingangues permanecem acampados às margens da via desde 2004. Ontem,
Ribeiro contatou com a instituição, em Brasília, solicitando por escrito
um parecer sobre o laudo. No fim da tarde, foi informado de que o
Departamento continuará com o trabalho de identificação da terra em
2006. "Isso significa que o documento atestou que a terra realmente é
tradicional, ou seja, pertenceu a antepassados dos caingangues", diz. A
notícia agradou ao cacique Ireni Franco, que suspendeu os protestos.
(CP, 07/02/06)