Trecho do conduto Álvaro Chaves/Goethe está parado há quatro meses
2006-02-07
As obras do conduto forçado Álvaro Chaves/Goethe - projeto que pretende
controlar alagamentos em nove bairros da Capital a um custo de R$ 43,1 milhões -
enfrenta problemas como a paralisação da construção no bairro Floresta e a
abertura de um inquérito pelo Ministério Público para investigar as
conseqüências de impactos ambientais.
Desde setembro de 2005, a obra na rua Santa Rita (do primeiro lote) está parada
devido a um erro no projeto. Não foi prevista a existência de uma canalização
do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) no trajeto do conduto. “Pelos
estudos apresentados, a canalização deveria estar a 60 centímetros de onde se
encontra”, explicou o diretor de Obras e Projetos do Departamento de Esgotos
Pluviais (Dep), Sérgio Zimmermann. O equívoco obrigou o Dep a alterar o projeto
original, necessitando uma reavaliação do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (Bid).
As galerias de concreto armado na Santa Rita deverão ser substituídas em 600
metros da obra por tubos com junta elástica, de forma arredondada. “Com esta
medida não haverá choque com a canalização do Dmae”, informou. Zimmermann disse
possuir parecer técnico do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Ufrgs
garantindo a segurança do uso da junta elástica. O Bid, no entanto, ainda não
aprovou as alterações.
O lote 1 - que inclui trechos das ruas Álvaro Chaves (concluído), Dr. Timóteo,
Marques do Pombal e Bordini - já deveria estar em fase de finalização,
possibilitando os primeiros testes do conduto. Com o atraso, os testes devem
ser adiados para novembro.
Segundo Zimmermann, a construção na Santa Rita deve ser reiniciada apenas em
julho. Já os lotes 2 e 3 da construção, de acordo com o diretor, estão em ritmo
acelerado. O problema não deve causar atraso na entrega da obra, que começou em
maio de 2005 e possui um prazo de 24 meses para ser concluída.
Ministério Público investigará impacto ambiental
O Ministério Público abriu um inquérito para investigar o impacto ambiental
causado pelo conduto Álvaro Chaves. A primeira audiência deve ocorrer em março.
Ambientalistas estão receosos com o impacto negativo que a obra poderá causar na
qualidade de água captada no Guaíba. "O conduto desembocará a 200 metros de uma
Estação de Tratamento de Água [ETA]. Qual o impacto que isso causará na operação?",
pergunta Khatia Vasconcellos, da ONG Amigos da Terra.
Estudos de sedimentação para responder a essa pergunta foi autorizado pela prefeitura
há apenas dois meses, embora a realização da análise tenha sido uma exigência do
Dmae para a liberação da Licença de Instalação.
Outro problema, segundo Khatia, é que a falta de uma separação eficaz de esgoto
cloacal e pluvial – o que pode acarretar em maior custo para tratamento de água.
Além dos problemas na potabilidade, o excesso de sedimentos jogados no Guaíba
pode causar transtornos para a trafegabilidade dos bairros.
(JC, 07/02/06)