Esalq estuda eucalipto como alternativa na indústria de móveis
2006-02-07
Por ser uma árvore pertencente a um gênero de rápido crescimento, de fácil
adaptação às mais diferentes condições de clima e solo, além de possuir uma
grande diversidade de espécies com diferentes características físicas e
mecânicas, o eucalipto apresenta grande potencial para uso em produtos sólidos
de madeira.
Originário da Austrália, o eucalipto foi introduzido no Brasil no século XIX,
inicialmente plantado somente para fins paisagísticos, pelo seu extraordinário
desenvolvimento como quebra-vento, ou por supostas propriedades sanitárias. Aos
poucos, o eucalipto foi sendo adotado como espécie alternativa para o suprimento
de madeira, principalmente como combustível nos fornos de lenha e,
posteriormente, como dormentes em estradas de ferro.
Atualmente, temos a maior área plantada de eucalipto do mundo, utilizado em sua
maioria na produção de celulose devido ao curto ciclo de produção e alta
produtividade.
Importante matéria-prima para a produção de carvão para siderúrgicas, dele
também se obtém tecidos sintéticos e óleos para perfumes, fármacos, produtos de
limpeza e alimentos. Porém, o uso de sua madeira para produção de móveis ainda
é restrito.
Com o objetivo de melhor aproveitar o potencial do eucalipto dentro do segmento
moveleiro, a docente Adriana Nolasco, do departamento de Ciências Florestais da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós (ESALQ), juntamente com sua orientada de pós-graduação, Camila Doubek, vêm
desenvolvendo estudos com três espécies, grandis, urophyla e. dunii. Os ensaios
em andamento se referem às propriedades físicas, mecânicas, usinabilidade e
acabamento da madeira. “As análises visam fornecer dados que possibilitem
avaliar o potencial de uso dessas espécies pela indústria moveleira”, diz a
professora.
Outra importante vantagem se refere à possibilidade de substituição de espécies
nativas, que levam mais de 50 anos para atingir idade de corte, enquanto o
eucalipto pode ser colhido para produção de madeira serrada a partir dos 12
anos. “O uso de eucalipto é uma tendência, devido aos problemas de abastecimento
e do custo da madeira nativa”, informa Camila.
Apesar de existirem inúmeros trabalhos sobre as características físicas e
mecânicas do eucalipto, poucos tratam de outros aspectos, como a usinabilidade
e o acabamento, voltados especificamente à produção de móveis.
“Como o intuito é saber quais são as melhores espécies para esse fim, a
experiência tem avaliado árvores com mesma idade, 18 anos. Também estamos
avaliando aspectos estéticos, como a variedade de cor e desenhos da madeira”,
completa Camila.
(Esalq, 06/02/06)