Projeto estabelece comercio de sementes pela internet
2006-02-07
A flora brasileira conta com um pronto-socorro, de acordo com a definição do coordenador de coleta e treinamento da ONG Clube da Semente, Antônio Fernandes. O objetivo da instituição é resgatar as espécies que estão ameaçadas de extinção e torná-las acessíveis a pessoas que desejem plantá-las.
O trabalho consiste na coleta de sementes que são direcionadas para diversos fins, como conservação, pesquisas e criação de viveiros. A educação ambiental também é um dos focos da ONG, com distribuição de folhetos com sementes e instruções sobre o plantio e cuidados.
Fernandes explica que são realizados trabalhos diretamente com os proprietários e produtores. “Mostramos que a árvore em pé pode valer muito mais do que a abatida”, diz, destacando que a retirada das sementes pode ser uma alternativa economicamente atrativa.
A coleta é realizada em todos os ecossistemas no território nacional, de acordo com o coordenador, geralmente em propriedades particulares. A instituição vai até a propriedade para uma avaliação e levantamento da capacidade de produção, elabora um plano de manejo e oferece treinamento para a coleta do material. O recurso para a compra da produção é captado através da venda do material informativo e patrocínios. O folheto é atrativo para as empresas, pois pode levar a logomarca “Substitui os brindes como chaveiros, etc”, sugere o coordenador.
O reflorestamento é um mercado em crescimento, mas carecia de organização, no entender de Fernandes. O Clube da Semente já deu um grande passo adiantando esse processo. “Há uma cobrança de que as pessoas plantem, mas a oferta ainda está desorganizada”, lamenta.
A ONG visa facilitar o acesso por parte dos interessados, para que obtenham o material para plantio. Se necessário, a instituição até implanta um viveiro na propriedade em questão.
“É um embrião que está se formando”, diz, “mas ainda é pouco perto do potencial que o país tem”. A dificuldade maior estaria no acesso à informação, já que nem sempre os produtores sabem da existência deste serviço de coleta e destino, que ainda pode gerar renda. As plantações de eucalipto estão mais avançadas, segundo Fernandes, mas outras espécies também podem ser inseridas nas propriedades.
Espécies com características mais específicas, com ocorrência em determinadas regiões, são encaminhadas para seus locais de origem. O pau-brasil pode ser citado como exemplo, por sua ocorrência nas faixas litorâneas.
Jatobá, jequitibá, aroeira e paricá são algumas das sementes mais visadas comercialmente. Esta última têm um crescimento rápido, o que a torna atrativa para as madeireiras, principalmente.
A instituição participou de algumas campanhas e eventos de grande penetração. Os folhetos já foram encarte de revistas de circulação nacional, distribuindo 3 milhões de sementes de mogno. Em dois anos de parceria com a Embrapa, outros 6 milhões de sementes foram distribuídos.
As solicitações de sementes podem ser feitas diretamente no site da ONG: www.clubedasemente.org.br/kits.html, sendo a entrega feita, em geral, pelo correio.
(AmbienteBrasil, 06/02/06)