(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-02-06
O biodiesel - cujo programa de incentivo à produção e ao consumo será ampliado este ano - deverá chegar às primeiras bombas do Brasil na segunda quinzena deste mês. No primeiro momento, contarão com o produto os postos próximos às regiões produtoras de Campinas, em São Paulo; Cássia, em Minas Gerais; Floriano, no Piauí; e Belém, no Pará. O avanço do projeto foi comemorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso ufanista, Lula afirmou que apostou um pouco de sua vida no programa, que o Brasil é uma alternativa ao mundo na área energética e pode bradar que "o biocombustível é nosso".

O biodiesel é um produto não-poluente e renovável, fabricado a partir de plantas oleaginosas, como a mamona, o dendê, o girassol e a soja. Só poderão usar o combustível vegetal os veículos movidos ao diesel derivado de petróleo - basicamente ônibus e caminhões. O tanque não será abastecido com o produto, mas com diesel comum misturado ao biodiesel. O preço do litro será o mesmo cobrado do diesel de petróleo.

- O dia que alguém disser: não tem mais petróleo, nós estaremos dizendo: pois bem, nós temos alternativa, pode começar a comprar que é nosso. É tão nosso quanto foi o petróleo brasileiro com a famosa campanha "O petróleo é nosso". Nós hoje poderíamos dizer: o biocombustível é nosso - afirmou Lula.

Programa beneficia agricultura familiar
Animado com a assinatura, ontem, dos primeiros contratos de compra de biodiesel entre a Petrobras e as empresas Agropalma, Granol, SoyMinas e Brasil Ecodiesel, o presidente chegou a comparar o Programa Nacional do Biodiesel a um dos principais programas sociais do governo, o Fome Zero.

- Em todas as conversas que tive com todos os presidentes da República nos últimos 24 meses, podem ficar certos: era o programa Fome Zero e o biodiesel, um do lado do outro. Um era a comida principal e o outro era a sobremesa. Com o presidente (americano George W.) Bush, conversei mais de 40 minutos sobre a importância do biodiesel - afirmou Lula, acrescentando que também conversou com líderes da França, Alemanha e da Inglaterra sobre o tema.

O presidente, porém, enalteceu os esforços da Petrobras para aumentar a produção nacional de petróleo e lembrou que o país alcançará a auto-suficiência assim que a plataforma P-50 da estatal começar a operar, provavelmente em março.

Para o presidente, o país foi determinado com o petróleo como está sendo com o biodiesel:

- Esse é o momento que o Brasil se apresenta ao mundo como uma nação que, em vez de ficar chorando o preço do petróleo, foi buscar com unhas e dentes, acreditando na nossa auto-suficiência - disse Lula, para quem o Brasil, com o biodiesel, está entrando numa "aventura boa, com responsabilidade".

A chegada do biodiesel aos postos é, de fato, o marco inicial do programa, que foi lançado no fim de 2004. Para incentivar a produção, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, anunciou a ampliação do programa. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) vai realizar dois novos leilões para a compra de biodiesel este ano.

Ao todo, serão leiloados 500 milhões de litros de biodiesel, que deverão ser quase que integralmente comprados pela Petrobras.

O aspecto social do programa é que ele oferece isenções e redução de PIS/Cofins para as empresas que contratarem agricultores familiares para a produção do biodiesel. Os atuais fornecedores são responsáveis pelo assentamento de 65.525 famílias. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, calcula que até o fim deste ano estarão empregadas cerca de 100 mil famílias de agricultores e, até dezembro de 2007, mais 250 mil famílias.

Segundo o presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, a estatal pretende construir usinas para a produção de biodiesel. Hoje, a estatal apenas distribui o óleo. Para garantir a liderança do Brasil na expansão mundial da produção e do consumo do biodiesel, Lula afirmou que o país precisa investir em pesquisa.

Pela legislação, a mistura do biodiesel ao diesel pelas distribuidoras até o fim de 2007 será voluntária. A partir de janeiro de 2008, todo o diesel comercializado no Brasil deverá conter 2% de biodiesel e, a partir de 2013, a mistura obrigatória será de 5%.

A propaganda é a alma do biocombustível
Bem-humorado durante a cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou ontem que a defesa que faz do biocombustível vai além dos discursos. Ele apresentou um kit biodiesel que tem em seu gabinete no Planalto para mostrar aos visitantes estrangeiros a diversidade da produção brasileira, e afirmou carregar uma foto da mamona na mala em suas viagens internacionais.

- Tem que ficar mostrando a folha, o cacho, ela (a mamona) verde, madura, para as pessoas saberem o que é - disse Lula, provocando risos.

O kit é, na verdade, um carrinho de madeira com mais de 20 vidros com sementes de mamona e outras plantas usadas para a produção do óleo vegetal, como soja, babaçu, dendê, nabo forrageiro e pinhão manso, além dos óleos derivados desses produtos, principalmente o biocombustível de mamona.

- Esse kit fica do lado da minha mesa. Não tem um visitante estrangeiro que eu não tente explicar para ele o que é o biodiesel - disse Lula.

Momentos depois, no gabinete de Lula, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), em audiência, mostrou que também não conhece a mamona. Requião colocou na boca um punhado de sementes da planta, sem saber que são tóxicas.

- Isso é mamona, pô! - alertou Lula.

Requião, então, se virou para o lado e cuspiu as sementes. Na saída, o governador brincou e disse que queria testar se a mamona era comestível ou se servia apenas como combustível.

O fio da meada
Lançada em 1947, a campanha "O petróleo é nosso" defendia que o produto deveria ser explorado exclusivamente por uma empresa estatal brasileira. Um anteprojeto escrito no governo Dutra previa a abertura do mercado aos estrangeiros, mas os nacionalistas temiam que o Brasil se torna-se refém das grandes multinacionais do setor. A causa uniu grupos políticos opostos, como o Partido Comunista Brasileiro, então na ilegalidade, a União Nacional dos Estudantes, e militares anticomunistas.

Em 1951, o presidente Getúlio Vargas lança um projeto de lei para a criação da Petrobras. Depois de quase dois anos de batalhas no Congresso, a lei é aprovada no Senado e sancionada pelo presidente em outubro de 1953. Pouco mais de 50 anos depois, a Petrobras bate recordes sucessivos de produção e o país chega este ano à auto-suficiência, numa época em que o barril no mercado externo ultrapassou US$ 70.
(O Globo, 04/02/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -