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2006-02-06
Dois órgãos do governo do Estado são os principais responsáveis pela poluição do Rio Maruim, em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. A maior penitenciária de Santa Catarina, que foi inaugurada há três anos, apresenta problemas na fossa e despeja todo o esgoto no rio. Além disso, o Hospital Santa Teresa também é apontado pelos moradores como responsável pela emissão de poluentes.

O complexo prisional da Grande Florianópolis foi inaugurado em dezembro de 2002, mas foi ocupado apenas em maio do ano seguinte. A penitenciária tem capacidade para 1.036 detentos e abriga cerca de cem funcionários. Segundo moradores das proximidades, no primeiro mês de funcionamento a fossa não resistiu ao volume de dejetos e rompeu-se. Em função disso, o rio passou a ser o destino do esgoto sanitário.

O Hospital Santa Teresa, que tem 65 anos, teve a estação de tratamento de esgoto desativada há 15 anos e o sistema sanitário nunca passou por manutenção. O estação abandonada levanta preocupação na comunidade quanto ao destino do esgoto. O hospital tem cem funcionários e uma média de 80 pacientes.

O empresário João Zimermann, de 48 anos, apreendeu a nadar no rio e durante anos se banhava com os amigos, mas isso ficou apenas na lembrança. Hoje, os filhos do empresário não podem tomar um banho de rio nos dias quentes de Verão.

Banho somente em piscinas e parques
Ele explica que a região sempre teve problemas de ligações de esgotos clandestinas de residências, mas a situação do rio ficou pior nos últimos cinco anos.

- O único lazer gratuito que tínhamos em São Pedro de Alcântara está sendo destruído pelo próprio governo. Hoje, para tomar banho na cidade, somente em piscinas e parques aquáticos - lamenta Zimermann.

A pensionista Nivalda Antunes, de 51 anos, vive nas margens do rio e denuncia o mau cheiro. Ela confirmou que a população comenta o descaso das autoridades, que na opinião dela nada fazem para preservar a natureza.

O Rio Maruim nasce em Angelina como Rio da Rocinha, corta o município de São Pedro de Alcântara e também passa pelas cidades de São José e Palhoça, quando chega ao mar. Segundo Nivalda, os pescadores pararam de pescar na parte do rio que passa pela penitenciária e pelo hospital.

O cheiro ruim e a água escura afastam os pescadores e os banhistas.

- Quem vai se arriscar a tomar banho em um rio onde há esgoto? Todos nós temos medo de pegar micoses ou doenças mais graves - disse a pensionista.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e Defesa do Cidadão reconheceu o problema e disse que dentro de 10 dias será lançado um edital de licitação para escolher uma empresa especializada que ficará responsável pela manutenção da fossa. Segundo o diretor de Planejamento e Coordenação da SSP, José Carlos Müller Filho, uma empresa terceirizada faz a manutenção da fossa. O serviço foi contratado em caráter temporário.

O que diz o diretor do Hospital Santa Teresa
O diretor-geral do Hospital Santa Teresa, Antonio Carlos Bittencourt, confirmou que nunca houve manutenção no sistema de esgoto sanitário. Ele reconheceu que a estação de tratamento de esgoto foi desativada. Apesar disto, ele nega que o esgoto sanitário esteja sendo lançado no Rio Maruim. Antonio explicou que, quando assumiu a direção, em 2003, elaborou um projeto de revitalização do esgoto sanitário da instituição e o encaminhou para o Ministério da Saúde. Ele disse que, hoje, o hospital conta com fossas sépticas. - Sabemos que não é o ideal e, por isso, encaminhamos o projeto para o Ministério da Saúde e estamos aguardando a liberação dos recursos. Não posso aceitar essa denúncia maldosa, porque nenhum dejeto é lançado no rio. O hospital abriga dependentes químicos, com doença psiquiátrica e hanseníase.
(Diário Catarinense, 04/02/06)

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