Asfaltamento de estradas no Pará pode incentivar desmatamento, alertam organizações
2006-02-06
"A ausência do Estado na maioria dos municípios do Pará é um fato", avalia Frei José Fernandes, da Comissão Pastoral da Terra do estado. "Então por que asfaltar se não temos infra-estrutura básica, estrutura de saneamento ou demarcação de terras? O que tememos é o impacto da iniciativa privada, na ausência do Estado".
Frei José refere-se ao projeto do governo federal de asfaltar estradas na região sul do Pará. Segundo ele, sem a presença firme do Estado na área, isso pode ser apenas um incentivo à produção de soja na nova fronteira agrícola do país. "Precisamos de políticas gerais para a Amazônia, de desenvolvimento autônomo, e não só de ações pontuais".
Um sinal de que a área pode virar uma zona de desmatamento, segundo ele, é que aumentou muito a grilagem na região. "Os grandes agricultores estão apenas esperando que haja estrutura para escoamento da produção e vão começar a desmatar e produzir na área", diz o frei, que faz parte da pastoral, uma das 60 entidades que fazem parte das coalizões Fórum de Carajás e Fórum de Santarém.
O aumento do registro ilegal de terras, segundo Frei José, foi constatado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem, realizada pela Assembléia Legislativa do Pará. "Os deputados identificaram 22 milhões de hectares de terra grilados no Pará". Frei Sérgio participou do 6º Fórum Social Mundial, em Caracas, onde apresentou uma atividade sobre a situação da região sul do Pará.
(Agência Brasil, 05/02/06)