Petrobras vai comprar usina de Macaé da El Paso
2006-02-06
A Petrobras concordou em comprar a usina termelétrica de Macaé da El Paso
por 358 milhões de dólares, o que deve encerrar uma disputa com a empresa
norte-americana.
O diretor da área de gás da Petrobras, Ildo Sauer, disse a repórteres que o
acordo livra a estatal petrolífera da obrigação de pagamentos adicionais de
contingência estimados em 735 milhões de dólares até 2007, pelos termos do
contrato existente com a El Paso.
A empresa norte-americana disse que espera a assinatura de um acordo em
meados de março e que a conclusão da venda da usina de Macaé ocorra no
primeiro semestre. As duas empresas irão suspender procedimentos de
arbitragem enquanto trabalham no acordo.
A El Paso e a Petrobras divergiam sobre os pagamentos de contingências pelos
prejuízos da termelétrica de 928 megawatts, com a estatal afirmando que
estava assumindo de forma injusta o ônus das perdas.
"Com isso nós evitamos futuros pagamentos e mantemos a usina. Certamente o
acordo é muito melhor do que continuar com o contrato... onde os pagamentos
de contingência se tornaram rotina mensal", disse Sauer.
Ele afirmou que uma nova usina similar à de Macaé custaria para a Petrobras
500 milhões de dólares.
O analista Frank McGann, da corretora Merrill Lynch, escreveu em relatório
que considerou o preço "razoável levando em conta os termos do contrato
existente".
McGann disse ainda que o acordo é positivo para a Petrobras, pois ele
acredita que a companhia será capaz de vender a produção da termelétrica de
Macaé nos próximos anos nos leilões de energia. "A usina deve ser
lucrativa", observou.
Cerca de 225 milhões de dólares do acordo serão usados para pagar o
financiamento da usina. A El Paso espera reportar encargo antes de impostos
de 60 milhões de dólares no quarto trimestre decorrente da venda.
Em 2001, no auge do racionamento de energia no Brasil, o governo usou a
Petrobras para financiar a construção de novas usinas termelétricas.
Mas a demanda caiu como resultado do racionamento e o mercado ficou com
oferta de energia em excesso, com eletricidade mais barata oferecida por
hidrelétricas.
Muitas das termelétricas estão sem funcionar boa parte do tempo, mas a
Petrobras tem obrigação de cobrir os custos de algumas usinas se elas não
atingirem metas de receita.
A Petrobras já comprou duas termelétricas que estavam em situação similar,
uma que pertencia à norte-americana Enron e outra da empresa local
MPX.
Sauer disse que a Petrobras já havia pago mais de 1 bilhão de dólares em
contingências para as três usinas, incluindo 670 milhões de dólares apenas
para Macaé. A estatal gastou, no total, 659 milhões de dólares para adquirir
as três termelétricas, evitando o pagamento futuro de 1,1 bilhão de dólares
por conta dos contratos que tinha.
(Reuters, 02/02/06)
Link:noticias.uol.com.br/ultnot/2006/02/02/ult29u45707.jhtm