Pendências paralisam construção de duas hidrelétricas em SC
2006-02-03
Pendências estão emperrando a construção de outras duas hidrelétricas no Estado: a de Foz do Chapecó, entre São Carlos e Alpestre (RS); e a de Salto Pilão, entre Ibirama, Ascurra e Lontras. A expectativa é que as obras saiam do papel até o final do ano. O investimento programado para os dois empreendimentos está estimado em R$ 2,5 bilhões.
O superintendente do consórcio energético Foz do Chapecó, Ênio Schneider, está otimista. `Estamos com uma expectativa concreta de que as obras iniciam em novembro ou dezembro, no período de pouca chuva. A compra da área do canteiro ocorre ainda no primeiro semestre`, adiantou o executivo.
A única indefinição no momento está relacionada à composição do grupo de construtores e acionários da usina. Com a desistência da Vale do Rio Doce em 2005, estatais como a Eletrosul e Furnas demonstraram interesse no empreendimento bilionário. ``Neste momento é mais provável que Furnas assuma`, diz o executivo, sem dar maiores detalhes das negociações.
Mesmo com todas as licenças liberadas, inclusive aquela que autoriza o início das obras, os construtores terão ainda outro imbróglio pela frente. Parte dos moradores dos municípios gaúchos e catarinenses se mostram contrários ao sistema de negociação das terras e benfeitorias atingidas pela usina e pedem garantias prévias sobre os valores das futuras indenizações.
Se as obras iniciarem neste ano, a usina pode começar a operar em 2010. Com quatro turbinas e uma capacidade instalada de 855 MW, a hidrelétrica vai produzir energia em quantidade suficiente para atender a 28% da demanda catarinense. Devem ser aplicados R$ 2 bilhões no empreendimento, que deve gerar cerca de R$ 15 milhões em royalties para o Estado (45%), municípios (45%) e a União.
O início das obras de construção do aproveitamento hidrelétrico de Salto Pilão, entre Ibirama, Lontras e Ascurra, no Vale do Itajaí, depende apenas das discussões sobre o pagamento pelo uso de bem público da União (UBP).
A taxa, cobrada pelo governo federal, incide sobre o custo da produção de energia elétrica e os responsáveis pela obra querem eleger a forma menos impactante de honrar o compromisso. A previsão, contudo, é de que o túnel com mais seis quilômetros, responsável por conduzir a água do rio Itajaí-açu para as turbinas, comece a ser construído ainda este ano.
O consórcio já adquiriu as áreas onde serão construídas a tomada de água e a casa de máquinas. Foram removidas 24 famílias de agricultores, que já se instalaram em outras áreas da região. Não haverá a construção de reservatório, o que reduz consideravelmente a necessidade de compra de terras e os impactos ambientais do projeto. A hidrelétrica terá a maior parte dos equipamentos colocados embaixo da terra e já conseguiu os licenciamentos ambientais.
O projeto vai consumir R$ 400 milhões e gerar 181 MW, contribuindo para a redução da importação de energia de outros estados e melhorando a qualidade da energia oferecida ao Vale do Itajaí e ao Norte do Estado. A previsão é de que os trabalhos estejam concluídos em 2008, com a geração de 600 empregos diretos e 600 indiretos.
(A Notícia, 02/02)