Agricultores da Amazônia acusam ONGs
2006-02-03
A reunião entre os presidentes das federações de agricultura dos Estados amazônicos, no último final de semana em Belém, resultou em uma carta divulgada ontem. Assuero Doca Veronez (Acre), Luiz Iraçu Guimarães Colares (Amapá), Euripedes Ferreira Lins (Amazonas), Carlos Fernandes Xavier (Pará), Francisco Ferreira Cabral (Rondônia) e Almir Sá (Roraima) assinam o documento, que pontua alguns dos tópicos debatidos durante as conversas fechadas entre eles desde o último sábado, e o encontro com a diretoria da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) na segunda-feira.
Um dos polêmicos assuntos discutidos e registrados na carta trata da internacionalização da Amazônia. Os presidentes denunciam que organismos internacionais se posicionam contra o desenvolvimento econômico da região sob o argumento de que se deve preservar os recursos naturais, quando o real interesse seria utilizá-los para “ usufruto das sociedades dos países ditos desenvolvidos, que tiveram seus recursos naturais reduzidos a um limite crítico, transferindo dessa forma, aos brasileiros (...), sua quase total responsabilidade, de maneira infundada, de serem os principais causadores do efeito estufa, do rompimento da camada de ozônio e das modificações climáticas ocorridas no globo terrestre, tese totalmente desmoralizada pela ciência”. Por conta disso, eles “alertam a Nação brasileira para as falsas teses desenvolvidas em países do primeiro mundo com relação à Amazônia, que mistificam, por conveniência de seus próprios interesses, a situação ambiental da região, recomendando boicote econômico aos nossos produtos, defendendo o subdesenvolvimento e ameaçando a soberania do Brasil”.
No documento há mais uma denúncia que aponta para o engessamento econômico da região “promovido por ações sistemáticas de Organizações Não Governamentais indigenistas e ambientalistas, financiadas pelo grande capital internacional e apoiadas pelo Conselho Mundial de Igrejas Cristãs, sediado em Berna (Suíça), que tem obstruído a construção de estradas, de usinas hidrelétricas, embargado a implantação de hidrovias e diversas obras de infra-estrutura física e de produção na Amazônia”.
Pesquisa - Outro assunto analisado por eles foi a criação de um grande projeto nacional para a Amazônia. No encerramento do encontro entre CNA e federações, a deputada federal do PFL do Tocantins Kátia Abreu, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária daquele Estado e vice-presidente da confederação, falou sobre a proposta, antecipando que a sugestão deles indicava um projeto sólido, a ser baseado em pesquisas realizadas por universidades e entidades ligadas à agropecuária, associando produção sustentável e preservação.
(O Liberal-PA, 02/02)