Projeto para proteção de bugios está ameaçado
2006-02-02
O Macacos Urbanos, mais antigo programa de proteção de primatas do Rio Grande
do Sul, corre o risco de minguar por inanição de verbas. Os pesquisadores
ligados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) responsáveis pelo
programa romperam o convênio que mantinham com a prefeitura de Porto Alegre,
dizendo que os gestores municipais de não cumpriram sua parte no acordo.
Ao município caberia o transporte dos especialistas e cedência de mapas e de
imagens de satélite.
O biólogo Rodrigo Cambará, um dos integrantes do Macacos Urbanos, diz que o
convênio existia havia 13 anos e congregava biólogos e veterinários. Por meio
dele foram mapeados os redutos de bugios na Região Metropolitana. Estão
catalogados bandos de até 800 animais no Morro São Pedro, na Restinga, 40 no
Lami e 600 macacos em Itapuã (Viamão).
Apesar da grande quantidade de macacos identificados na Grande Porto Alegre, o
bugio continua em risco de extinção no Estado. O desmatamento para fins
agrícolas é a maior ameaça a estes macacos no Interior, enquanto a construção
de loteamentos os põe em perigo nas cidades. No Morro do Osso (na zona sul da Capital), por exemplo, só resta um bugio isolado. Na Ponta Grossa, os macacos desapareceram.
A proposta do projeto é conscientizar as populações para a importância destes
animais na semeadura de espécies frutíferas. Cambará dá sua versão para o
rompimento do convênio com a prefeitura.
- Pedíamos carro ao município apenas duas vezes por mês, nos fins de semana,
para não incomodar. Aí nos informaram que estava difícil disponibilizar carro.
Tampouco nos cederam imagens de satélite, que permitem localizar o hábitat dos
bugios, e mapas antigos. Preferimos retirar nosso time - diz o pesquisador.
Sem o convênio, o Macacos Urbanos conta com recursos da UFRGS. Uma outra verba,
oriunda da ONG Conservation International, foi usada na compra de máquinas
fotográficas, aparelhos de GPS e rádios e já acabou.
- Vamos nos virando como podemos, até quando der - conclui Cambará.
Para maiores informações sobre proteção de bugios, os leitores podem escrever
para macacosurbanos@inga.org.br ou ligar para (51) 3312-4489.
Contraponto – O que diz Walter Koch, supervisor de Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam)
A decisão de romper o convênio partiu dos integrantes do projeto Macacos
Urbanos. Continuamos abertos ao diálogo e acho que podemos nos entender. A
verdade é que tivemos redução de veículos para fiscalização. Eram 47 em junho
de 2004 e hoje são 23. O pessoal do Macacos Urbanos utilizava estes carros e
poderia continuar usando, mas teria de se adequar aos horários disponíveis.
Eles requisitavam o carro, entravam no mato e ficavam um dia com o veículo
parado, o que é contraproducente. Podemos fazer uma escala mais razoável. Com
relação a mapas e imagens de satélite, estão à disposição, creio que ocorreu
apenas um mal-entendido.
(ZH, 02/02/06)